Penny Dreadful – 3ª Temporada

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Os contos de horror sempre são recontados em todos os formatos de mí­dia, seja Frankenstein, Drácula ou Lobisomen. Por serem tão bem construídos e metafóricos para o mundo real, esses mitos ou relatos de acontecimentos distorcidos do mundo antigo, são instigantes, mesmo a gente sabendo o que acontece. Essas historietas eram vendidas por 1 centavo na Inglaterra para que as pessoas menos favorecidas pudessem ter algum tipo de acesso a literatura, por mais sensacionalista e horrenda que fosse, daí­ o nome Penny Dreadful.


A série criada por John Logan, encerra sua história na terceira temporada, promovendo resoluções práticas da trama construída desde o seu iní­cio e tentando nos fazer esquecer de alguns detalhes mal explicados, ou que talvez foram planejados para um longo prazo. A chegada do tão anunciado mestre, ou Drácula (Christian Camargo) foi menos barulhenta do que se esperava e sua revelação não foi exatamente uma surpresa devido ao seu interesse pela amaldiçoada Vanessa Ives (Eva Green) já no começo da temporada. A prometida mãe das trevas é o prêmio máximo para a criatura conquistar o mundo e transformar o dia em noite. Ao contrário do rei da escuridão, um de seus servos, Renfield (Samuel Barnett) ganha grande destaque por seu perfil rastejante e animalesco de um homem possuí­do por uma força maior incontrolável e que se comporta como servo fiel do mestre.


Toda a perseguição das bruxas em busca da protagonista na segunda temporada, deixou Vanessa ainda mais vulnerável e ela se encontra perdida e descrente de uma salvação. Ela acredita ser a porta de entrada para uma possessão do mal e por estar cansada de tentar viver uma vida normal, desfez sua aliança com seu Deus e largou mão dessa proteção que parecia pouco eficiente. É então que ela é indicada a procurar a Dra. Seward, interpretada pela incrível Patti LuPone, que também fez o papel da bruxa Joan Clayton, que acolhe Vanessa na segunda temporada. Em um dos melhores episódios da série, Seward faz uma regressão na mente de Vanessa para ela se lembrar do tempo em que estava presa num hospí­cio. Nesse momento podemos ver um trabalho excepcional dos atores e da direção.


Diferente de Evelyn Poole (Helen McCrory) da temporada anterior, que mostrou o que realmente era vilania, o Drácula parece inofensivo e sua forma de homem não muda em momento algum, apenas vemos alguns saltos e exercícios de extra-força, mas nada que se espera de um rei das trevas. A poesia do programa que fala de amor de uma forma tão doentia e sombria, talvez tente deixar o que já imaginamos para nossas mentes e buscar construir o conflito com mais cenas e diálogos fortes. Próximo de seu fim, a batalha entre os seres do dia e os da noite fica estabelecida e os heróis da história precisam se juntar para salvar Vanessa e impedir que o mundo acabe em trevas. O amado da Srta. Ives, Ethan Chandler (Josh Hartnett) junto com a figura paterna dela, Sr. Malcolm (Timothy Dalton), formam uma equipe de busca com a ajuda da Dra. Seward, o Dr. Victor Frankenstein (Harry Treadaway) e a novata da série Catriona Hartdegen (Perdita Weeks) que faz o papel de uma caçadora ao melhor estilo Buffy e Selene de Anjos da Noite.


O encerramento da série conclui também a jornada solitária de Dorian Gray (Reeve Carney) e da primeira criatura ressuscitada por Frankenstein, John Clare (Rory Kinnear), que acaba ficando como o narrador do último conto e com um dos finais trágicos mais sensí­veis de todos, abraçando sua escuridão para tentar simplesmente seguir em frente e entender melhor a humanidade que lhe foi roubada. Descartando qualquer possibilidade de finais felizes ou de ao menos sorrisos nos rostos dos personagens, a série é extremamente sólida em tratar do terror encenado como um teatro e conseguiu chegar ao tom perfeito do clássico sem ser cafona, deixando seu rastro fúnebre e triste para os fãs mais fervorosos.

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