Uma boa parte do sucesso de um filme está normalmente relacionado a sua capacidade de conseguir fazer com que os espectadores sintam algum grau de conexão com a história que está sendo contada. No caso do longa A Metade de Nós, é impossível querer que isso aconteça, no entanto, o mergulho que os personagens dão dentro de si mesmos é sim algo para se querer conseguir executar.
Denise Weinberg e Cacá Amaral foram o ator e atriz escolhidos pelo diretor Flávio Botelho para interpretar o casal que perde o único filho para o suicídio. Aqui já fica escancarado o quanto eles perderam: metade de tudo que são. Qualquer perda, independentemente de qual ou de quem seja, é sempre grande, mas essa talvez seja a maior de todas, e tanto um quanto o outro vai tentar encontrar uma forma de seguir com a própria vida, algo que o filho não conseguiu fazer.
O tom de todo o filme é de mergulho. Em si mesmos, na dor que sentem, na vida do filho para sempre ausente. A dupla que vive os pais de Felipe não economizou na demonstração da força de todos os sentimentos que envolvem a trama, dos mais terríveis, como a perda e o sofrimento em si, quanto as pequenas “alegrias” de descobrir coisas novas sobre o filho. A narrativa, estudada por meses antes de qualquer ensaio ou gravação, deve grande parte da sua essência e verdade a própria experiência do diretor, que assim como seus personagens perdeu a irmã para a mesma causa.
A quem procura por um filme singelo, que explora o máximo da transparência e autenticidade da história que conta, A Metade de Nós será a melhor pedida do momento.