Eu adoro ler livros que têm uma chance de serem lançados no cinema. Volta e meia pego uma lista de potenciais candidatos e vou à caça dos livros, para lê-los antes que suas versões cinematográficas sejam lançadas. E foi isso que aconteceu com A Mulher na Janela, livro de A.J. Finn lançado em 2018, um bestseller com a promessa de virar filme.
Mas aí as coisas começam a desandar. Primeiro, não gostei do livro. Ele tem uma premissa interessante, mas os personagens não me convenceram, não fiquei nem um pouco conectada com a história. Decepção. E o autor, que eu achei que era uma mulher (ué, A.J. Finn, na minha cabeça, era uma mulher), acabou por se tornar um tal de Dan Mallory usando um pseudônimo. Mais decepções.
Mas vamos ao filme, pois é por conta do filme que você está aqui, não é mesmo, caro leitor? O filme, que ainda era minha esperança de ter uma adaptação que salvasse a história, pois poderia desenvolver melhor os personagens, ou usar de recursos de cinema para me convencer que a história poderia ser boa. Ele, o filme. Bom, vamos dizer que a produção salvou o livro, mas não se deu bem como eu esperava.
Vamos começar pelo elenco estelar, com Amy Adams (interpretando a Dra. Anna Fox, que sofre de agorafobia e não sai de casa há 10 meses); Gary Oldman (interpretando Alistair Russell, o vizinho que se mudou com esposa e filho para uma casa do outro lado da rua de Anna); além de Julianne Moore, Jennifer Jason Leigh, etc. Toda essa galera, que é uma galera muito galera demais pra um diretor conseguir trabalhar direitinho. Assim, você tem uma Jennifer Jason Leigh que entra muda e sai calada – o que é difícil de aceitar com uma atriz do calibre dela. E Amy Adams entrega uma personagem pequena, mesquinha, egoísta e que você não gostaria de ter como vizinha.
Mas sabe o pior? Apesar dos pesares, eu curti o filme. Muito melhor que o livro, já adianto. Talvez eu tenha gostado muito do filme por conta da estética, com cores, câmeras e ambientação que me lembrou muito Hitchcock. Até a trilha sonora, em um momento mais tenso, remete à Psicose (não conhece nada sobre o mestre do suspense? Então começa por aqui: 10 Filmes para comemorar o aniversário de Alfred Hitchcock). Tem ainda um momento que Anna, viciada em filmes antigos e vinho, está assistindo Janela Indiscreta. Se bem que ela nem precisaria estar assistindo o filme, pois algumas cenas remetem tanto a essa clássico de Hitchcock que chega a ser absurd(amente maravilhoso!).
Bom, vou deixar você decidir, como sempre, caro leitor. Se você notar, não falei nada sobre o filme que estragasse a surpresa. Talvez você ache que a surpresa está estragada, e não goste do filme. Mas confia, vale a pena dar uma checada.