Filmes chineses não são muito populares no Brasil. Até me arrisco a dizer que poucas destas produções despertam o interesse de exibição em outros países ocidentais. Talvez a justificava esteja na considerável distância cultural que há entre nós e a população da outra metade do planeta. Mas diferenças à parte, A Vida Após a Vida conseguiu chegar aqui. E, infelizmente, por razões que ainda desconheço.
A história é ambientada em um pequeno vilarejo prestes a ser desocupado. Ming Chun (Zhang Mingjun) e seu filho Leilei (interpretado pelo jovem Zhang Li) vão à floresta pegar galhos para queimar e, assim, poderem se aquecer no rigoroso inverno. O menino, insatisfeito com o trabalho executado, discute com o pai e acaba se afastando. Minutos depois, ele retorna. Quer dizer… seu corpo invadido por sua falecida mãe. Ela chega com uma missão: realocar a árvore que havia plantado no quintal.
Uma tarefa que de longe parecia simples se transforma numa jornada de lembranças, reflexões e dramas familiares. A personagem reencarnada, Xiuying, tenta restabelecer o elo perdido com o marido que, além de órfã, não possui boas relações com a família da esposa e os filhos. Ao mesmo tempo, ela deseja deslocar a árvore para um lugar distante de atribulações e abandono, apesar do complexo entendimento de sua profunda relação com a planta.
O longa dramático é o primeiro do diretor e roteirista Zhang Hanyi (não sei se é coincidência, parentesco, ausência de criatividade, preguiça ou regra do governo chinês para a criação de nomes tão parecidos), que aposta em um ritmo bastante lento, pouquíssimos diálogos, muitos silêncios e imagens praticamente estáticas. Os cenários são tristes, vazios e apavorantes, na véspera de Ano Novo da China. Uma narrativa repleta de espiritualidade que aguça pensamentos sobre o passado e o futuro, mas em tempo duradouro demais. E é exatamente isto que a torna cansativa ao ponto de perdermos o interesse.