Dirigido por Marcia Paraíso, Alegria do Amor apresenta uma narrativa repleta de personagens femininas diversas, cada uma com suas próprias batalhas e vivências. O filme traz para as telas a trajetória de mulheres que transitam por diferentes esferas sociais: mães, sogras, freiras, mulheres trans, advogadas e mães solteiras, além das próprias batalhas que cada uma enfrenta.
A trama se desenvolve a partir da história de Dulce (Renata Gaspar), uma ex-noviça que agora atua como professora de alfabetização de jovens e adultos na comunidade quilombola onde cresceu. Ela também tem como missão pessoal proteger sua terra contra uma empresa estrangeira que tenta expulsar os moradores locais, mas o que começa com intimidação acaba tomando grandes proporções. Dulce se vê forçada a deixar seu lar e partir para São Paulo após presenciar o assassinato brutal de seu noivo, Davi. Seu objetivo com a viagem é denunciar a violência e buscar justiça para sua comunidade, mas a jornada na cidade a leva a descobertas inesperadas sobre sua própria história.
Além da temática agrária do sertão brasileiro, o longa destaca ainda outras histórias marcantes: a mulher que foi mãe de gêmeos aos 18 anos, a mulher trans que construiu seu próprio negócio e se tornou um refúgio para a comunidade LGBTQIAP+, e a freira que, à sua maneira, é mãe de muitos. Cada uma dessas personagens apresenta um recorte das dificuldades e conquistas femininas, evidenciando os desafios sociais e estruturais que enfrentam.
Apesar de sua relevância temática e da expressiva representatividade em sua equipe técnica – com 70% dos profissionais se identificando como LGBTQIAP+ –, “Alegria do Amor” falha em transmitir todo o peso das questões abordadas, o que poderia ter sido aprofundado acaba ficando apenas na superfície da ideia.
O longa estreou no Festival Itinerante da Língua Portuguesa – Festin Lisboa 2024, em Portugal, e chega ao Brasil, distribuído pela Downtown Filmes. Apesar de suas limitações, Alegria do Amor se firma como um filme necessário para a representatividade e a visibilidade das múltiplas realidades femininas e LGBTQIAP+.