Há quem verá o documentário Amanhã de Mélanie Laurent (Respire) e Cyril Dion como alarmista. Mas a verdade é que os problemas complexos e potencialmente apocalípticos que o filme, ganhador do César em 2016, retrata, não dizem respeito apenas à França, mas sim a todo o nosso mundo globalizado.
Com a situação do meio ambiente cada dia mais exigindo medidas drásticas, esse documentário ecológico decide abandonar um pouco a crise e focar em seres humanos comuns que estão desenvolvendo projetos e dispositivos para tornar o mundo um lugar melhor para se habitar.
É uma pequena luz no fim do túnel para um mundo que tem Trumps e Temers no poder, mas também revela o quanto ainda temos que “andar” para tentar alcançar essa luz e reverter as situações catastróficas que o mundo pode passar se não mudarmos o nosso modo de vida.
O documentário surgiu a partir de um artigo encontrado por Laurent e Dion na revista Nature. Tal artigo afirma que, seguindo as taxas atuais de expansão populacional, consumo de recursos naturais e danos ambientais, a humanidade estaria à beira de um evento de extinção da espécie até o final deste século. Um cenário complicado!
É falando sobre economia, democracia e educação, entre outros temas, que Amanhã alça voo. Através dos pensamentos de peritos experientes em histórias empresariais, comunidades e projetos que ilustram soluções para os problemas em questão, o filme faz um retrato esperançoso do ativismo popular e do envolvimento dos cidadãos para reverter esse cenário catastrófico.
Como sempre com este tipo de filme, existe o perigo de ele apenas falar com os já “convertidos” na causa. E é por isso que a abordagem dos cineastas é tão eficiente: Amanhã desperdiça pouco tempo tentando convencer-nos de que o mundo está acabando (basta olhar as manchetes de diversos jornais para saber disso). Mas ele destaca as pessoas que estão fazendo a sua pequena parte para tentar evitar que isso aconteça. É com essas pessoas retratadas aqui que o futuro pode não parecer tão sombrio.