American Horror Story: Cult

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"American Horror Story: Cult" recria o cenário político atual para falar sobre medo

American Horror Story imprimiu sua marca na TV mundial com uma fórmula nova de contar histórias de terror com muito apelo pop. Seguindo os moldes de sucesso de séries anteriores do criador Ryan Murphy, a série fala constantemente sobre bullying, dá abertura para atores deficientes, com síndrome de down, enfim, uma diversidade de minorias que nunca foi visto na TV dessa forma. Acontece que ao longos dos anos e temporadas, a inovação que começou lá em 2011 começou a degastar e seu acesso com o grande público se perdeu por conta da repetição. Como inovar, agora que o público já sabe o que esperar da série e seus sustos? Buscando o medo no mundo real. E foi assim que Cult, a sétima temporada, elegeu a corrida presidencial, que culminou na vitória de Donald Trump como a nova autoridade máxima dos Estados Unidos, como tema.

A nova temporada apela para as fobias de Ally, a personagem da incrível Sarah Paulson, e de uma sociedade elitista com seus preconceitos mais crus, abusando de frases de efeito e exagerando nas situações que colocam os imigrantes mexicanos como vilões e também tenta rebater a ascensão feminina, nesse jogo de poder do patriarcado, com retaliações e humilhações. Nesse contexto, surge um culto encabeçado por Kai, brilhantemente interpretado por Evan Peters, que é um jovem adulto que se sente no direito de recrutar os exilados da sociedade conservadora americana para promover o medo com assassinatos, agressões, abusos e esquemas políticos que nos levam ao limite da indignação. Esse grupo de pessoas tem a intenção de mostrar como o medo está presente em nosso dia a dia, seja por conta de traumas ou condições psicológicas. E como é de praxe, a série encaixa uma sub-trama baseada em algum fato histórico para enraizar sua visão. O da vez, foi a tentativa de Valerie Solanas (Lena Dunham) de assassinar Andy Warhol (Evan Peters), que sem dar maiores spoilers, deu abertura para outra atriz veterana de AHS, retornar com um de seus melhores papeis.

Mais relevante do que nunca, a temporada não se cala ao mostrar como os jovens lidam com informações e redes sociais. Como é fácil ter algo a dizer por trás da tela de um computador e como suas atitudes descabeçadas podem prejudicar uma nação. E mesmo com várias mensagens importantes e com bons sustos, a série parece ainda estar presa num looping de criatividade em seus diálogos e personagens altamente previsíveis. É fácil identificar quem está mentindo e qual vai ser a reviravolta no último minuto de cada episódio, isso prejudica a intenção do produto como um todo, que para de se levar a sério nessas horas e quando volta a ter momentos mais sóbrios, custa a reconquistar nossa crença.

Um pouco contraditória na sua visão como proposta, mas interessante pelo momento de medo que estamos vivendo na política mundial e com um final forte, Cult entrega episódios atemporais com bons personagens e talvez o melhor elenco reunido até então, mas peca quando trás de volta conceitos de outras temporadas, que até então não tinham ligação com nada, e se preocupa muito com referências pop para sustentar seu texto que pesa a mão com frases prontas e estereótipos.

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