Barbie

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Greta Gerwig traz "Barbie" pra realidade de forma inspirada e cativante

Barbie pensa! Claro, ela é apenas uma boneca, mas isso não significa que ela tenha que ser uma cabeça de vento. É aí que reside a inspirada solução de Greta Gerwig para dar vida a um dos brinquedos mais icônicos do mundo. Combine isso com o elenco encabeçado por Margot Robbie, e “Barbie” já começa com o pé direito (perfeitamente arqueado, pronto pro salto alto da boneca).

A força da Barbie como marca vem de seu apelo aspiracional. Embora alguns tenham criticado a boneca por estabelecer padrões de beleza irrealistas, a marca também mostrou às meninas que elas podem ser o que quiser, já que diferentes modelos da boneca a retrataram como presidente, cientista e até trans.

Você sabe quem mais define padrões de beleza irrealistas? Estrelas de cinema. Como a Barbie, elas servem como modelos, o que torna a abordagem de Gerwig tão inteligente. Margot Robbie pode ser a cara da personagem, mas sua performance como ela é o que realmente move o filme.

Gerwig faz o filme que ela gostaria que estivesse disponível quando ela era uma menina, escondendo mensagens dentro da figura oca da boneca (uma atrás da outra, na verdade). Mas faz tudo isso sem tornar o filme extremamente panfletário.

A diretora se propõe a romper com os padrões estéticos inatingíveis, apontando maneiras pelas quais o design idealizado da boneca pode prejudicar a auto-estima e estimular distúrbios alimentares. Ela amontoa a maior parte dessa crítica em um único monólogo, capaz de atrair aplausos nas sessões do longa nos cinemas.

No final, o problema com “Barbie” não é que ele vai longe demais, mas onde ele vai, construindo uma cena conceitual entre Barbie e sua Criadora que inadvertidamente ressalta uma das poucas falhas do filme: é uma experiência intelectual, não emocional, baseada em grande parte na nostalgia do público.

O poder da nostalgia não deve ser subestimado com uma propriedade como essa, já que grande parte da abordagem de Gerwig se volta para o público que possuiu as bonecas – e para quem ela incorporou curiosidades e referências ocultas por toda parte.

O filme foi claramente feito por pessoas que entendem como a imaginação das crianças funciona quando brincam com Barbies, mesmo que Gerwig use o projeto como o dispositivo que às vezes soa como uma palestra sobre estudos de gênero. A maioria de seus pontos são positivos para quem estiver disposto a ouvir.

É meio que perfeito que “Barbie” estreou junto com “Oppenheimer” de Christopher Nolan, já que o sucesso de bilheteria do “poder feminino” idealizado por Gerwig pode gerar exemplos positivos do potencial feminino para as gerações futuras. Enquanto isso, ao mostrar um senso de humor sobre os tropeços do passado da marca, isso nos dá permissão para entender o que a Barbie representa – bem diferente do que se esperaria de um comercial de brinquedo de longa metragem como esse.

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