Bob Marley: One Love

Bob Marley: One Love, dirigido por Reinaldo Marcus Green e com produção executiva de Brad Pitt, narra a história de Bob Marley, um ícone do reggae e símbolo de paz, amor e luta por justiça. O filme acompanha sua trajetória desde sua juventude na Jamaica até o sucesso mundial, sem deixar de lado as dificuldades que enfrentou, tanto pessoais quanto sociais.

A história começa retratando a origem humilde da vida de Bob Marley na Jamaica, onde cresceu em meio à pobreza e à violência. O longa mostra a formação da banda The Wailers e a evolução do som que se tornaria conhecido como reggae, assim como destaca a influência da fé Rastafari na vida de Bob e como sua música se tornou um instrumento para unir pessoas e pregar a paz. Bob Marley: One Love também não ignora o contexto político turbulento da Jamaica na época, incluindo as tensões entre políticos rivais e o caos que atingiu o país, retratando até mesmo o atentado sofrido por Bob Marley em 1976 e sua saída temporária da Jamaica.

A saga culmina com o retorno triunfal de Bob Marley à Jamaica para um show histórico que uniu os partidos políticos rivais em uma mensagem de paz. A temática de paz, amor e união característica de Bob é preservada. O foco na humanização dele é um ponto positivo, por mostrar um lado mais vulnerável e humano do “astro do terceiro mundo”, indo além da imagem icônica que costumamos ver. Diferente de uma representação idealizada, o filme mostra Bob Marley com suas lutas pessoais e falhas, tornando-o mais próximo do público.

No entanto, embora a produção celebre a música e a mensagem positiva do ícone, a falta de mais profundidade nas questões sociais e políticas complexas de sua época atrapalha o enredo. O filme é superficial, abordando os temas da vida de Bob de forma rasa e sem explorar toda a profundidade do personagem. Talvez, a forte influência da família na produção do filme resultou em um retrato incompleto e sanitizado do artista. Além disso, o filme pode deixar confuso quem não conhece bem a história da Jamaica e os conflitos sociopolíticos da época.

A cinebiografia também segue uma estrutura convencional, sem grandes surpresas ou inovações na narrativa, pois o filme nos mostra um retrato romantizado de Bob Marley, evitando temas controversos de sua vida pessoal e carreira e até mesmo a doença que o matou,

Apesar de não ser tão parecido e de faltar um pouco mais da imagem roots e aura mística do lendário ídolo, o ator Kingsley Ben-Adir é convincente em sua atuação como Bob Marley, transmitindo carisma, solidez e autenticidade. Contudo, as cenas de playback e violão podem incomodar um pouco os músicos, diga-se de passagem. Lashana Lynch como Rita Marley está perspicaz e ótima também em sua caracterização. O sotaque jamaicano dos dois está perfeito, assim como todo o elenco.

A produção reproduz com cuidado cenários, figurinos, ambientação e trechos dos diálogos do livro que inspirou o filme com uma recriação no mínimo fidedigna. Se você é fã de reggae e de Bob Marley e quer conhecer um pouco mais sobre sua vida pessoal, o filme vai ser interessante. Porém, se espera uma cinebiografia profunda, inovadora e digna do retrato da lenda do reggae, talvez a experiência não seja tão satisfatória.

A celebração da música e a mensagem universal de paz, amor e união presente nas canções de Bob Marley permeia o filme, inspirando esperança e reflexão.

Enfim, Bob Marley: One Love é respeitoso e tem muito coração, mas depende muito do ponto de vista da pessoa que vai assistir.

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