Casamentos Cruzados

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"Casamentos Cruzados" e o humor que nunca decola

Casamentos Cruzados parte de uma premissa simples e promissora: dois casamentos marcados para o mesmo dia e local resultam em uma batalha de egos entre Margot (Reese Witherspoon) e Jim (Will Ferrell), que se recusam a ceder espaço para a outra festa. O que poderia ser uma comédia charmosa sobre rivalidade e conexões inesperadas se transforma em um festival de exageros e piadas que raramente funcionam. Mesmo com dois protagonistas carismáticos e um elenco coadjuvante talentoso, o filme tropeça em seu próprio caos.

Dirigido por Nicholas Stoller, que já provou seu talento em Ressaca de Amor e na série Amor Platônico, o longa parece indeciso entre a comédia pastelão e um drama familiar comovente. Há momentos de destruição absurda dignos de A Guerra dos Roses, mas também cenas que tentam puxar o público para o sentimentalismo, como Jim conversando com sua falecida esposa. A mistura, no entanto, nunca encontra um equilíbrio satisfatório, resultando em um filme que se esforça demais para provocar risadas e emoções ao mesmo tempo.

O roteiro aposta em um humor escrachado que depende de situações cada vez mais absurdas, mas poucas delas realmente acertam o tom. Desde um deck afundando com os convidados até um figurante vestido de zebra destruindo um bolo de casamento, a comédia muitas vezes parece mais interessada em exageros visuais do que em boas piadas. E quando o filme recorre a um falso ataque cardíaco como um de seus momentos cômicos, fica claro que a criatividade do roteiro é limitada.

Ferrell e Witherspoon fazem o possível para salvar o material com sua experiência em comédias, e há momentos em que conseguem arrancar risadas genuínas. Ferrell, em especial, mantém sua energia habitual e se entrega completamente ao personagem, mas nem mesmo ele consegue transformar cenas forçadas em algo memorável. Witherspoon, por outro lado, retorna ao território das comédias leves que a consagraram, mas sem um roteiro afiado, seu talento acaba desperdiçado.

O elenco de apoio tem algumas boas surpresas, como Celia Weston, que traz um toque de credibilidade ao caos, e Jack McBrayer, que brilha como um gerente de hotel completamente perdido na confusão. No entanto, participações como as de Peyton Manning e Nick Jonas parecem existir apenas para causar impacto momentâneo, sem realmente contribuir para a história.

No fim das contas, Casamentos Cruzados é uma comédia que mira no caos divertido, mas acerta apenas no excesso. Há espaço para histórias engraçadas sobre disputas em casamentos – vide o sucesso de Missão Madrinha de Casamento –, mas aqui, as piadas são tão desesperadas que o riso quase nunca vem naturalmente.

Apesar de alguns lampejos de química entre Ferrell e Witherspoon, o filme se perde em seu próprio pandemônio e deixa a sensação de que, com um roteiro mais afiado e uma abordagem menos exagerada, poderia ter sido uma comédia muito mais eficiente.

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