Corpo Delito tenta entender sobre a liberdade condicional do regime semiaberto, através do olhar de um preso de baixa renda que se vê ainda aprisionado por uma “pulseira”.
Preso há oito anos, Ivan Silva ganhou o direito de sair da cadeia em regime semiaberto, mas tem dificuldade para se adaptar à nova rotina. Apesar de estar livre da superlotação carcerária, continua preso a uma tornozeleira eletrônica e compartilha entre quatro paredes seu incômodo com amigos e familiares, impossibilitado de sair às ruas e fazer o que realmente deseja sem ter os passos vigiados pela polícia.
Se você espera um documentário carregado de informações sobre crime, culpa, castigo e arrependimento, talvez Corpo Delito possa ser frustrante. Mas se a mente estiver aberta e disposta a entender outros critérios de liberdade e regras, seja bem-vindo.
Com roteiro de Diego Hoefel o filme mostra, de forma simples, toda a estrutura de vida e familiar que ronda esse detento. O tipo mais comum do sistema prisional brasileiro, pobre, morador da periferia e envolvido no crime por pertencer a massa popular que não tem grandes oportunidades para melhoria de vida, mesmos sendo sempre uma escolha pessoal, onde o meio acaba induzindo para tal destino.
Passar 8 anos no regime fechado e continuar preso ao sistema, sendo agraciado com sub oportunidades de emprego. Se mostra impossível não ficar irritado com a situação de Ivan, através das lentes ficamos juntos naquele tédio que se torna o dia a dia, numa pequena casa convivendo com a família e a visita de alguns conhecidos.
Corpo Delito mostra mais uma deficiência do sistema prisional, que muitas vezes por conta da superlotação nos presídios, criam programas para promover a reintegração do detento. No caso do filme um trabalho operacional repetitivo que não desafia o desenvolvimento cognitivo e muito menos o lado social que as políticas públicas deveriam aderir. Sistema fraco, falho e decadente, satura a população carcerária e principalmente a comunidade.