Filmes sobre luto estão em alta, é isso? Depois de “Alma Viva” (leia a crítica aqui), onde acompanhamos a pequena Salomé e o luto por sua avó, que ela amava muito, tida na comunidade como bruxa, agora temos a pequena, mas não tão pequena, Ana (Anaís Grala Wegner) vivendo o luto pela avó, tida como bruxa, com a qual a menina não conviveu. As similaridades param por aí, pois “Alma Viva” é super intenso e dramático, enquanto “Despedida”, o filme brasileiro sendo lançado quinta-feira nos cinemas, é leve, imaginativo, colorido e cheio de aventura.
Eu particularmente tenho uma queda muito grande por filmes como “Despedida”, que são para um público infantil e adulto, com uma heroína criança e muita aventura, com doses homeopáticas de terror (tem fantasma, tem entidades na floresta, tudo no meio da noite, coisas que dão medo em crianças). E é muito bacana ver o luto sendo trabalhado de uma maneira tão lúdica, com a menina encontrando objetos que abrem portais para que ela possa se conectar com a avó e trazê-la para que a mãe possa ser salva.
Ou seja: “Despedida” trabalha de maneira linda as formas como adultos e crianças trabalham o luto, o perdão e a conciliação, usando como pano de fundo uma fantasia ao estilo de Alice no País das Maravilhas, além de outras referências lúdicas. Um filme bacana pra se assistir com ou sem crianças, prazeroso, mas não incrível, atente-se para isso.
E por que não? Apesar de o filme ter boas ideias, o roteiro não é assim tão amarradinho como gostaríamos que fosse. Entendo que o filme é de fantasia, e é bacana acompanharmos a menina sem saber para onde ela está indo ou em qual aventura vai se meter, e o filme não oferecer muita explicação para o que vemos na tela, mas tem coisas que ficam melhores quando são pelo menos são fechadas. E o filme deixou muitas pontas soltas.
Com direção e roteiro de Luciana Mazeto e Vinícius Lopes, o filme vale a pena ser conferido, sem sombra de dúvidas, e aguardo ansiosamente os próximos trabalhos dessa dupla.