Pensar em uma comédia romântica com o cenário de Paris pode até parecer clichê, afinal a cidade da luz simboliza, além de muitas coisas, a paixão. Mas será que não é disso que precisamos em 2020? A cidade, conhecida como cidade da luz, na verdade ganhou esse nome não só pela sua iluminação incomparável, mas pelas mentes brilhantes que eram atraídas pela capital. De cultura forte e inabalável, Paris volta a ser o assunto principal em Emily In Paris, nova série da Netflix criada por Darren Star que também foi responsável por Sex And The City.
Na trama, Emily recebe o convite irrecusável de se mudar de Chicago para Paris durante um ano e representar sua empresa de marketing na capital francesa. Toda essa mudança acontece de maneira extremamente rápida e mesmo com um namorado em Chicago, a série pula o drama de incerteza e medo do novo, afinal Emily é a protagonista solar, alegre, destemida, com um otimismo encantador e viciante. Ao chegar em Paris, ela cria o perfil Emily In Paris no Instagram para compartilhar sua nova vida. Suas postagens criativas ressaltam a alegria de uma turista com as diferenças culturais entre as nações. O que também dá base nesse contraste é o ambiente hostil de trabalho na nova firma, já que sua nova chefe Sylvie (Philippine Leroy-Beaulieu), humilha a mocinha em toda ocasião possível e seus colegas tiram sarro do jeito workaholic americano.
Enquanto a cidade parece datada em vários aspectos, ela representa um novo momento para Emily, que se distancia da previsibilidade de uma vida perfeita e cheia de regras para viver a sua fuga para Paris, muito bem colocada na cena com o jovem Timothée (Victor Meutelet). Essa liberdade, claro não poderia ser por outro motivo, as paixões. Assim como o círculo de amizades de Emily, que fica agitado com a ótima Mindy (Ashley Park), no melhor estilo confidente e amiga pau para toda obra, sua vida amorosa também ganha as reviravoltas de uma comédia romântica de respeito, mas como estamos na França, o estilo francês de se relacionar de forma complicada se amarra ao, muito bem construído, triângulo amoroso entre Emily, Camille (Camille Razat) e Gabriel (Lucas Bravo). Nesses jogos de amor, o roteiro ainda usa a tradução da língua francesa como trocadilho para insinuar sexo e adicionar humor na dinâmica entre Gabriel e Emily.
A carta de amor a Paris se dá também pela moda. Os looks de Emily, ainda que não sejam tão extravagantes ou conceituais quanto de Carrie, Charlotte, Miranda e Samantha, sua personagem abraça a geração seguinte, de Gossip Girl, e não tem medo de fazer essa referência. De Chanel a Veronica Beard e Virgil Abloh, a cidade vira a oportunidade perfeita para Emily desfilar suas melhores produções nessa história leve e divertida. Lily Collins, perfeita como um croissant de chocolate, emplaca seu melhor papel da carreira e explora os melhores traços de uma mocinha inteligente que está em constante evolução pessoal.
