Estados Unidos vs. Billie Holiday

Onde assistir
Celebre a obra da incrível cantora de jazz Billie Holiday, perseguida pelo FBI por ser negra, usuária de drogas e ativista

Amo essa época do ano, com essa quantidade de filmes bons! Me sinto uma criança no parquinho, sem saber direito com que brinquedo brincar primeiro. Espero que você esteja se sentindo assim também, e que não deixe de assistir Estados Unidos vs. Billie Holiday. Um filme longo, lento, difícil, mas incrível, com atuação excepcional e que possivelmente vai levar uns Oscaritos pra casa.

Mas por que deveria perder 2h10 da minha vida pra ver a história de uma cantora de jazz obscura que morreu há trocentos anos? Ah, essa tal de Billie Holiday não foi apenas a cantora de jazz mais incrível que já existiu – ela também era uma ativista e, segundo biografias, tinha um excelente senso de humor.

O filme retrata um pouco disso, e mais um tanto sobre seu vício em drogas (lícitas e ilícitas) e homens escrotos. Mostra pouco sobre como era bastante determinada e fazia apenas o que queria, como em sua música Ain’t Nobody’s Business: “E não me importo com o que as pessoas dizem.”

Mas o tema aqui é mesmo a rusga do governo americano com ela, pois o nome do filme é Estados Unidos vs. Billie Holiday, não é mesmo? É, é isso mesmo.

Um agente do FBI, Harry J. Anslinger (interpretado por Garrett Hedlund, que fez o Capitão Gancho em Peter Pan), um fileodeumaputa que tinha acabado de herdar o departamento do FBI que fiscalizava a proibição do álcool durante a Lei Seca nos Estados Unidos, e não tinha o que fazer com um monte de homens, brancos alcoólatras (você acha que essa galera proibia alguém de tomar um booze, né?), e decidiu criar um departamento contra as drogas e ir atrás de músicos de jazz negros. Já viu onde Billie Holiday se encaixa nessa?

Digo isso porque reza a lenda que ele só perseguia músicos de jazz, que, segundo ele, estavam sempre drogados, por isso sua música era tão anarquista e errática. E outros famosos, como Judy (branca) Garland, famosa usuária de drogas, era convidada a ir ao escritório de Anslinger e depois liberada.

Bom, entre alguns momentos da vida de Billie Holiday, interpretada brilhantemente por Andra Day – ela canta todas as músicas do filme ela mesma!!!!!!!! –, acompanhamos Anslinger e seus agentes caçarem a cantora por ser negra, usar drogas e cantar músicas que o governo americano não queria sendo cantadas em plena época de segregação racial. Mas como Billie mesma diz no filme (e vamos deixar uma coisa bem clara, uma porrada de coisas no filme é ficção mesmo, pra dar mais emoção, mas vou considerar tudo verdade para efeitos de convencer você a ver o filme, combinado?), “Você acha que vou parar de cantar essa música? Seus netos vão cantar Strange Fruit” (ah, esse é o nome da música, que você pode ver interpretadas por Billie-Billie e Billie-Andra aqui e aqui.

Apesar de não ser 100% historicamente acurado, gostei muito do filme. E gosto muito de ver filmes sobre jazz, ainda mais com uma mulher do jazz, com todos os seus problemas, sofrimentos, mas com sua obra criativa sendo celebrada. E espero encontrar muita gente falando sobre Billie Holiday e a incrível gênia da música que ela foi. Como ela merece.

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