Eu, Capitão, dirigido por Matteo Garrone e com roteiro de Massimo Gaudioso é um drama italiano que mergulha na dura realidade da imigração clandestina através da história de dois jovens senegaleses, Seydou e Moussa, que embarcam em uma perigosa jornada em busca de uma vida melhor na Europa.
O filme é uma odisseia contemporânea que possui um realismo visceral e não se esquiva de mostrar os perigos e as dificuldades da imigração, com cenas cruas e impactantes que colocam o espectador na pele dos protagonistas.
Os senegaleses Seydou Sarr e Moustapha Fall entregam performances excelentes, transmitindo a força, a resiliência e a esperança dos personagens. Com uma direção ultra sensível, Garrone utiliza uma linguagem cinematográfica poética e simbólica, criando uma experiência imersiva e sensorial, incluindo elementos fantásticos em cenas aleatórias de fantasia que são verdadeiro colírio para os olhos.
A produção indicada ao Oscar de melhor filme estrangeiro aborda temas muito relevantes e discutidos hoje em dia, como a crise migratória, o racismo, a busca por identidade e o colonialismo, convidando o público a refletir sobre a realidade global.
A narrativa é lenta, com foco em longas tomadas e contemplação, o que pode não agradar a todos, principalmente quem não gosta de filmes experimentais e com ritmo não apressado. No tópico contexto, o enredo não oferece muitas informações sobre o passado dos protagonistas ou a situação política e social de Senegal e o terceiro ato é ambíguo, não apresentando uma resolução definitiva.
Contudo, Eu, Capitão é um filme poderoso e importante que oferece uma visão honesta e humanista da crise migratória, sendo fruto de várias histórias entrelaçadas de jovens que vivenciaram a travessia da África para a Europa.
O realismo, a linda fotografia, o exuberante deserto, as atuações excepcionais e a direção impecável de Garrone criam uma experiência cinematográfica impactante, memorável e reflexiva. Um must see para qualquer apreciador de uma bela obra da sétima arte.