Desde muito pequena exibindo talento para patinação artística no gelo, Tonya Harding (Margot Robbie, a Arlequina de Esquadrão Suicida) cresce se destacando no esporte e aguentando maus-tratos e humilhações por parte da agressiva mãe (Allison Janney, de A Espiã que Sabia de Menos). Entre altos e baixos na carreira e idas e vindas num relacionamento abusivo com Jeff Gillooly (Sebastian Stan, o Soldado Invernal da Marvel), a atleta acaba envolvida num plano bizarro durante a preparação para os Jogos Olímpicos de Inverno de 1994.
Por parte da duração de Eu, Tonya você poderá pensar que o filme é uma piada, uma comédia. Em parte, você estará certo, mas ele se trata de uma comédia construída em torno de algo muito mais interessante: a interpretação de Margot Robbie e Allison Janney, ambas maravilhosas em seus papéis.
Robbie interpreta Tonya como uma espécie de princesa zoada da patinação. Ela não tem nada além do se talento para se agarrar. Tonya foi tão maltratada pela vida que não vê problema algum em revidar.
Allison Janney, por outro lado, com os cabelos curtos e seus óculos grandes, dá vida a uma mãe que molda sua filha com uma brutalidade sem igual e faz de Tonya alguém que nunca acreditará em si mesma.
Existe uma grande discussão por trás de Eu, Tonya, que vai muito além e faz críticas ao universo das competições. Ela obtém pontuações mais baixas do que merece apenas por fatores além da sua própria patinação. Mas isso se deve a imagem homogeneizada que os juízes querem passar da América. Não tem nada a ver com o talento de Tonya, o que gera a rebeldia da personagem. Ela despreza a respeitabilidade.
Eu, Tonya e sua personagem são afiados o suficiente para sugerir que ela sente o eco do ódio de sua mãe em cada bofetada que leva do seu marido, e ela não consegue desistir disso. Ela é viciada no que acha que merece e isso nos dá uma performance e tanto… Digna de Oscar!