Enquanto Tony Stark está por aí sendo inteligente, rico e extravagante, Thor está em Asgard com seu drama familiar e Steve Rogers tenta se adaptar a um novo tempo, chega Guardiões da Galáxia para tirar o Universo Marvel da zona de conforto e levá-lo para os confins de uma galáxia distante. Este décimo filme do estúdio não é apenas bom, é ótimo, pois envereda para um novo território com uma sátira mordaz e pensamento radical.
O cosmos nunca mais será o mesmo novamente. Dirigido e co-roteirizado por James Gunn (que escreveu os live-actions de Scooby-Doo para a Warner), este filme de super-heróis é baseado no título de 1969, mas principalmente na fase de 2008 dos mesmos. Nessa fase, os roteiristas Dan Abnett e Andy Lanning, reinventaram os personagens, sua galáxia alienígena e deram uma roupagem mais moderna para a trama, dentro do Universo Marvel dos quadrinhos.
Mas ambas as versões (de 1969 e 2008) permaneciam na margem desse universo, como se fossem quadrinhos B em comparação com os demais heróis. Até agora. Esse filme divertido e cheio de ação, bem construído e bem executado, mudará essa realidade com certeza. Com seus anti-heróis o filme já começa bastante diferente dos demais longas de herói. E James Gunn teve seu principal acerto mostrando alguns pequenos flashbacks na vida de cada um dos personagens para nos fazer conectar a esses viajantes espaciais criminosos.
Embora não seja logo de cara, os Guardiões da Galáxia são liderados por um Chris Pratt deliciosamente insano, um órfão abduzido da terra. Peter Quill (ou como se denomina Senhor das Estrelas) é preso por roubo de um poderoso orbe, juntamente com uma assassina verde, chamada Gamora, um guaxinim geneticamente modificado e uma árvore humanoide chamada Groot. Na prisão eles encontram o musculoso Drax, o Destruidor. A equipe está montada. Com todos os desajustes entre cada um dos personagens é muito interessante assistir a química entre eles se formar. Mesmo que dois dos personagens sejam feitos totalmente por computação gráfica.
Apesar das desavenças os anti-heróis se unem para escapar da prisão, e essa trégua entre eles é que acabará por levar seu status a super-heróis. Afinal, há uma galáxia para salvar, mesmo que o motivo inicial seja dinheiro. Ronan, o acusador, Nebulosa e Korath estão atrás do orbe roubado por Peter Quill, e não bastasse isso, o Senhor das Estrelas ainda precisa escapar de seu raptor Yondu. A trama cheia de perseguições e reviravoltas sempre faz lembrar Star Wars, que em 2015 também ganhará uma sequência.
O filme funciona porque em meio a toda essa correria há um desenvolvimento do caráter de seus personagens, mesmo que cheio de comédia e piadas super divertidas.
Quanto a parte técnica não há o que comentar. As criaturas digitais estão perfeitas e palpáveis. Os panos de fundo das batalhas estão lembrando uma pintura futurista e apesar disso não ofuscam os atores em cena. Benicio Del Toro chama atenção como seu Coletor e Josh Brolin (embora não creditado) dá voz ao Sr. do mal já mostrado na cena pós-créditos do primeiro Vingadores. Detalhe que ambos os personagens funcionam como ponte para o restante do Universo Cinematográfico Marvel.
E por falar em Universo, será muito divertido quando os Guardiões acabarem cruzando com algum Vingador. Que venha a sua sequência já agendada para 2017.
P.S.: Há uma cena pós-créditos. Embora não tenham exibido a mesma após a sessão de imprensa, a mesma estará nas cópias normais do filme nos cinemas.