La La Land – Cantando Estações

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"La La Land - Cantando Estações" é um filme sobre sonhos, impossível de não se apaixonar

Em algum momento lá na década de 70, pouco antes do lançamento de Grease – Nos Tempos da Brilhantina, não era brega ou antiquado que, no meio de um filme, os seus atores irrompessem em músicas e danças sapateadas. Por um tempo, os musicais foram deixados de lado, mas o lançamento de Moulin Rouge – Amor em Vermelho em 2001, e o Oscar de melhor filme para Chicago em 2003, trouxeram o gênero de volta aos dias de hoje.

La La Land – Cantando Estações é o musical mais audacioso dos últimos tempos e, por mais irônico que isso possa parecer, isso se deve ao fato de ele ser o mais tradicional dos musicais lançados recentemente.

Damien Chazelle, que chamou atenção na direção com o ótimo Whiplash – Em Busca da Perfeição, presta homenagem à aparência, ao humor e ao estilo dos musicais hollywoodianos das décadas de 40 e 50, lembrando muito Cantando na Chuva e Sete Noivas para Sete Irmãos, apenas para citar alguns belos musicais da época.

Muitos espectadores ainda acham os musicais grosseiros ou até mesmo pitorescos. No entanto, o formato permanece enraizado na cultura pop até hoje, basta ver o seriado Glee ou até mesmo o recente A Escolha Perfeita. É por isso que nos sentimos tão bem com La La Land. Um cineasta atrevido mergulha de cabeça no gênero para recriar um musical da era de ouro hollywoodiana, repleto de noites estreladas e iluminações elegantes que servem à elegância de um romance de duas pessoas que, literalmente, as faz dançar no ar.

No filme, o pianista de jazz Sebastian (Ryan Gosling, de A Grande Aposta) conhece a atriz iniciante Mia (Emma Stone, de O Espetacular Homem-Aranha) e os dois se apaixonam perdidamente. Em busca de oportunidades para suas carreiras na competitiva cidade de Los Angeles, os jovens tentam fazer o relacionamento amoroso dar certo enquanto perseguem seus sonhos tão semelhantes, mas ao mesmo tempo tão diferentes e distantes.

Sebastian e Mia se encontram, brigam e se apaixonam através de uma série de canções e danças compostas por Justin Hurwitz (as letras são de Benj Pasek e Justin Paul) que são envolventes em sua beleza anacrônica. A trilha lembra as melodias agridoces de George Gershwin e isso se torna um belo de um elogio ao filme.

O casal é formado por dois sonhadores de um outro tempo, presos em um mundo onde o entretenimento é baseado apenas em comércio. Eles conversam e se conhecem de verdade em uma festa na piscina, onde Sebastian está tocando um sintetizador brega dos anos 80. Eles não se gostam inicialmente, mas isso significa apenas que eles estão prontos para abraçar um dos maiores clichês do cinema hollywoodiano e descobrir o que o público já sabe: a razão para eles não gostarem um do outro é que, na verdade, eles já se amam. Só precisam de umas canções e números incríveis para entender isso.

O filme começa como uma fantasia com sofisticada inocência, mesmo que se passe na Los Angeles moderna, mas em sua segunda metade pode ser considerado uma crítica ao esquema arte vs comércio. Tudo isso parece um pouco discordante, mas nas mãos de Chazelle vira uma bela ode à visão clássica de Hollywood, do amor como perfeição espiritual.

La La Land – Cantando Estações não é uma obra-prima (embora queira ser). No entanto, é uma obra cheia de sensações ardentes e de sentimentos grandiosos. Apaixonado, mas também bastante controlado, ele se envolve em melancolia em seus momentos finais, mas seus prazeres são tantos e tão convincentes que você sairá do cinema exaltando o cinema e o jazz e lembrando daquele trecho de Cantando na Chuva que diz: “What a glorious feeling. I’m happy again.” (Que sentimento glorioso. Estou feliz novamente.)

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