La Vanitè

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"La Vanité": Um olhar leve sobre a eutanásia e a vida

O lado mais leve da eutanásia – se é que dá para dizer que ele existe – é explorado com graça e humor (mesmo que negro) na coprodução franco-suíça La Vanité.

No filme, David Miller decide dar fim a sua vida. Para isso, o velho arquiteto doente recorre a uma associação de suicídio assistido. Mas Espe, a atendente da clínica, não parece estar muito a par do procedimento, enquanto David tenta de todo jeito convencer Tréplev, prostituto russo do quarto ao lado, a ser testemunha do seu último suspiro, como a lei exige na Suíça. Durante uma noite, os três vão descobrir que a afeição pelos outros, e talvez o amor, seja o único sentimento que realmente persista.

La Vanité empresta mais do que Carmen Maura do cinema de Pedro Almodóvar. A música, os enquadramentos e a direção de arte parecem saídos de um filme do espanhol. E isso não é ruim, já que é um filme sobre pessoas em uma situação limite, como Almodóvar tanto gosta.

Dada a permissividade suíça quanto ao suicídio assistido, La Vanité não está interessado em debater retoricamente os direitos éticos ou os erros da prática – embora o desacordo sobre o assunto venha à tona entre os personagens ao longo da noite que eles passam juntos. O interesse do filme está em seus personagens, nas interações entre eles, ao invés de fazer grandes pronunciamentos sociais. E isso é seu maior acerto!

O trio de protagonistas nos faz esquecer qualquer deslize de tom cometido pelo diretor Lionel Baier. Patrick Lapp traz uma dignidade incrível para a escolha de seu personagem quanto à morte que se seguirá (ou não!), evitando olhares chorosos e momentos desnecessários na medida que os motivos da sua decisão vão surgindo gradualmente. Ivan Georgiev é um achado como o prostituto russo do quarto ao lado e traz o contraponto necessário como a testemunha desse suicídio assistido. Ele é o espectador no filme. Carmen Maura, por sua vez, está perfeita como o anjo da morte que vem ajudar o personagem de Lapp a cometer o derradeiro ato que tão desejado por ele, e a atriz mistura drama e comédia na medida certa (assim como fez em Volver).

É interessante que La Vanité seja um filme sobre morte, mesmo sendo tão interessado na vida de seus personagens. Uma dicotomia que fará o filme ser lembrado!

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