Em tempos sombrios como os nossos, onde os menos favorecidos (ou que não merecem, segundo a tal da “meritocracia”) estão perdendo seus direitos a cada dia, um filme como Lua em Sagitário é uma lição sobre preconceitos, principalmente sobre a questão agrária, totalmente voltado para o público jovem.
O filme acompanha Ana. Ela tem 17 anos e vive em uma pequena cidade na fronteira do Brasil com a Argentina, um lugar sem sinal de celular, sem internet banda larga e sem opções de lazer. Seu refúgio é “a caverna”, um misto de lan house e sebo de livros e discos, tocada pelo misterioso argentino LP. É la que Ana conhece e se apaixona por Murilo, um amor proibido que a faz fugir na aventura de cruzar o estado de moto para participar de um festival musical.
Através de Ana e Murilo, a diretora Marcia Paraiso vai abordando temas profundos como a disputa pela terra e o preconceito enraizado na maioria da população brasileira contra o MST, por exemplo. Mas não pense que toda a narrativa política está envolta em verdades definitivas. Muito pelo contrário! Você tirará suas próprias conclusões através dos diferentes olhares que o filme acompanha.
Paraiso propõe através do casal, ela uma menina comum da pequena cidade e ele um filho de assentado do MST, discussões sobre as divisões socioeconômicas do país, além de mostrar como o pensamento das novas gerações vem diferindo em relação aos mais velhos. É através do olhar mais racional de Ana em relação ao sonhos de Murilo (que acredita em astrologia, e inspira o título do longa), que Lua em Sagitário trava sua principal batalha, que é contra o preconceito.
Há o preconceito do pai de Ana contra o MST, do movimento com relação ao garoto que se interessa por astrologia, do povo que vê um argentino apaixonado por rock como um satanista inveterado, entre tantos outros. E com o público, não será diferente… Todos possuem algum tipo de preconceito! E Lua em Sagitário vai mostrar que só o amor pode te fazer superar isto.