Nas histórias de Julio Medem, de Lúcia e o Sexo e Um Quarto em Roma, os começos e finais se sobrepõem de modo a formar um conjunto único a partir do qual o cineasta constrói, de forma quase cósmica, histórias que são atingidas por infortúnios gigantescos.
Através de imagens curvas, como se o mundo estivesse dobrando sobre os personagens de seu filme, em Ma Ma o diretor conta a história de Magda (Penélope Cruz, de Abraços Partidos) que é diagnosticada com câncer de mama e logo depois descobre estar grávida. Ela enfrenta essa difícil situação de maneira resplandecente e otimista com o apoio de seu companheiro e do filho, acreditando no poder de cura da menina que carrega no ventre.
Ma Ma acompanha a luta entre o fantasma de uma morte por câncer e a esperança de uma nova vida, através da gravidez de Magda.
Penélope Cruz faz mais um trabalho impecável ao se aprofundar no otimismo de Magda, mesmo enquanto ela sofre com uma doença incurável. Enquanto isto, Medem trata de sustentar sua história de vida, morte e amor através de uma história mais terrena, cotidiana e comum.
Apesar de tudo, o cineasta basco fica um pouco longe da realidade, enquanto avança em sua trajetória, tão improvável quanto real, ao tentar dar um significado maior aos eventos retratados no longa, com uma câmera que se move vertiginosamente enquanto a protagonista sofre, uma trilha sonora um pouco piegas e um ginecologista cantor (isso mesmo!). Por sinal, sendo este último a pior invenção do roteiro de Ma Ma.
As camadas de drama vão se aprofundando apesar do filme ser bastante ascético e o que mais chama atenção no longa é a interpretação de Cruz. Portanto, vale assistir, mas principalmente para os fãs da atriz.