Aqui vão algumas informações rápidas sobre o filme:
- O filme é o candidato português a concorrer ao Oscar 2024.
- Foi dirigido por João Canijo.
- Ganhou o Urso de Prata no Festival de Berlim.
- É considerado a primeira parte de um díptico.
- São 126 minutos de um drama português puro sangue, cheio de sarcasmos e ironias.
QUAL A HISTÓRIA DE “MAL VIVER”? CONFIRA AQUI A SINOPSE OFICIAL:
Num hotel familiar junto à costa norte de Portugal, vivem várias mulheres da mesma família de gerações diferentes. Numa relação envenenada pela amargura tentam sobreviver no hotel em decadência. A chegada inesperada de uma neta a este espaço claustrofóbico provoca perturbação e o avivar de ódios latentes, trazendo a tons rancores acumulados.
UMA OBRA DÍPTICA
Díptico se refere a um objeto composto por duas partes unidas em uma espécie de dobradiça, que ao ser fechada forma um objeto único. Ou seja, Mal Viver é a primeira parte e Viver Mal é a segunda.
Poderíamos dizer que Viver Mal é uma continuação? Bom, sim, mas não no sentido clássico cinematográfico quando costumamos dizer Mal Viver 2 – O Sadismo. Um díptico é um conceito que vai além de filme principal e sua continuação. Os dois filmes são principais e se complementam. De acordo com Canijo, podemos assistir a qualquer um dos dois na ordem que desejarmos. Como só vi Mal Viver, não posso confirmar se isso realmente funciona. E tampouco saberei como seria minha experiência com o filme se tivesse assistido primeiro Viver Mal.
O HOTEL COMO UMA METÁFORA DE UMA VIDA FAMILIAR EM RUÍNAS
A casa é tradicionalmente uma representação de família, e é utilizada no cinema como cenário para ilustrar relações. É uma maneira de trazer para o campo material o que habita no emocional e abstrato. Um hotel, diferente de uma casa, é um lugar de passagem, onde intimidade é artigo inexistente. Em Viver Mal, o Hotel representa a ideia de individualidade e dificuldade de se comunicar. O vazio dos espaços conversam o os vazios da existência das personagens.
Se torna mais fácil servir e atender desejos dos hóspedes do que dá própria família. Mas esses desejos atendidos são capitalistas, derivam de uma troca, não é um servir genuíno e amoroso. A dinâmica como as personagens se relacionam umas com as outras refletem seus egos feridos.
VALE A PENA VER?
Mal Viver é muito bem produzido. Quanto mais personagens principais um filme tem, mais difícil se torna equilibrar o drama dentro dele. Canijo consegue realizar isso de maneira exemplar como um grande maestro, onde cada personagem é um instrumento. Sozinhas são limitadas, mas juntas conseguem criar uma verdadeira epopeia familiar. A fotografia é um destaque importante junto com a edição de som, que é maravilhosa. Quem tiver oportunidade de assistir Viver Mal logo em seguida, talvez consiga uma experiência mais completa da obra. Recomendo!