Mia Madre, o filme mais recente do queridinho do Festival de Cannes, Nanni Moretti, faria par facilmente com O Quarto do Filho, seu ganhador da Palma de Ouro em 2001.
No primeiro a perda de um filho (algo que viola a ordem natural das coisas de que um pai jamais deveria viver para ver seu filho morrer) ganhava o foco do filme. Já em Mia Madre acompanhamos uma mulher que está certa da iminente morte de sua mãe. O problema é que o filme é frio, indiferente e, por vezes, condescendente com sua protagonista, que é sem graça e quase sempre desinteressante.
Margherita (Margherita Buy, de Manual do Amor) é uma diretora aflita com a produção de seu último longa. Um drama sociológico sobre disputas trabalhistas. Seus comentários e demandas de direção não fazem sentido para seus atores, e ela está propensa a explosões que parecem igualmente ilógicas em meio a toda a doença de sua mãe.
A incapacidade de Margherita em processar sua dor é o principal tema do filme, mas Moretti não consegue confiar ao público nem as menores descobertas. Todas as sugestões e dicas, por menores que sejam, são jogadas no espectador. Tal escolha não enriquece a personagem, pelo contrário enfraquece e não nos envolve com os dramas retratados.
Os flashbacks pincelados de forma incoerente na história principal também interferem na estrutura do longa. Ele se arrasta até o seu fim e nem mesmo o alÃvio cômico proporcionado por John Turturro (Transformers: O Lado Oculto da Lua) dá um novo fôlego ao filme.
Turturro está excelente, suas cenas com Margherita possuem um energia cômica bastante honesta. Seu personagem, o único bem construÃdo no longa, é o único que tem permissão para crescer em cena, mesmo que seja tolo em diversos momentos. Talvez se ele fosse o protagonista do filme, a trama se tornasse mais interessante e menos didática.
Nota:
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Mia Madre
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