Monster, dirigido por Kore-eda Hirokazu, é uma obra cinematográfica que mergulha nas complexidades da sociedade japonesa contemporânea, destacando questões delicadas como bullying, preconceito contra mães solo e as nuances das relações interpessoais.
O filme inicia com um incêndio em um “hostess bar” (lugar frequentado por homens solitários em busca de companhia feminina) estabelecendo um cenário caótico que se torna o ponto de convergência para as histórias entrelaçadas dos personagens principais, Minato (Sōya Kurokawa) e sua mãe Saori (Sakura Andō).
A habilidade única de Kore-eda em explorar a multiplicidade de perspectivas é evidente ao retornar três vezes ao mesmo cenário, cada vez revelando ângulos diferentes da narrativa.
A história de Saori, uma mãe solteira que enfrenta o estigma social e as frustrações relacionadas ao preconceito, suas visitas incessantes à escola de seu filho, Minato, em busca de respostas sobre possíveis agressões cometidas pelo professor Hori, interpretado por Eita Nagayama, destacam as tensões e desafios enfrentados por mães solo em uma sociedade tradicional e muitas vezes machista.
A relação de Minato com seu colega Hoshikawa (Hinata Hiiragi), acrescenta uma camada adicional de complexidade à narrativa. A dinâmica entre os dois personagens é explorada de maneira sensível, revelando as nuances das relações interpessoais, enquanto o filme provoca reflexões sobre o que verdadeiramente define alguém como um “monstro”.
A diretora da escola, Makiko Fushimi, interpretada por Yūko Tanaka, representa a figura de autoridade que Saori busca desesperadamente para resolver os problemas enfrentados por seu filho. A busca incessante de Saori por justiça e compreensão destaca as lacunas na estrutura social e educacional, levantando questões sobre responsabilidade e poder dentro da sociedade japonesa.
Monster destaca-se não apenas pela sua narrativa envolvente, mas também pela coragem em abordar questões sociais sensíveis. Através das experiências dos personagens, o filme convida o espectador a questionar as definições convencionais de monstruosidade, explorando a complexidade da natureza humana e desafiando os estereótipos enraizados na sociedade japonesa.