Baz Luhrmann é conhecido por suas produções excessivamente estilizadas, e Moulin Rouge: Amor em Vermelho talvez seja o ápice desse estilo. O filme transforma o bairro boêmio de Montmartre no final do século XIX em uma fantasia alucinante de cores, música e romance. O Moulin Rouge, como cenário e conceito, é menos uma representação histórica e mais uma fábula que mistura o velho e o novo, trazendo sucessos musicais modernos para compor seu mosaico emocional.
O enredo é simples: Christian (Ewan McGregor), um jovem escritor idealista, se apaixona por Satine (Nicole Kidman), a estrela maior do Moulin Rouge e uma cortesã desejada por todos. O amor proibido entre eles, dificultado pela presença de um poderoso duque (Richard Roxburgh), serve de base para uma narrativa intensa que é tanto um melodrama clássico quanto um musical contemporâneo. Mesmo com a previsibilidade da história, é impossível não se envolver, graças à força das atuações e à extravagância das cenas musicais.
Luhrmann abraça o anacronismo ao utilizar músicas modernas em um contexto histórico. Clássicos como “Your Song” de Elton John e “Roxanne” do The Police ganham novos significados nas vozes dos personagens. Essa abordagem ousada confere energia à narrativa e sublinha os temas universais do filme: amor, sacrifício e a luta por liberdade criativa. Algumas combinações, como o mashup de “Diamonds Are a Girl’s Best Friend” e “Material Girl”, demonstram a criatividade desenfreada do diretor.
O visual do filme é um show à parte. Cores vibrantes, cenários grandiosos e figurinos extravagantes contribuem para a atmosfera onírica. O Moulin Rouge aqui é um lugar de excessos, uma celebração quase carnavalesca que envolve o espectador em sua loucura. Mesmo nas cenas mais intimistas, Luhrmann não deixa de utilizar sua assinatura estilística, como ângulos inusitados e uma montagem frenética que amplifica a emoção de cada momento.
Ewan McGregor e Nicole Kidman têm uma química palpável, e suas atuações trazem um equilíbrio necessário entre a extravagância do filme e a autenticidade emocional da história. McGregor é cativante como o ingênuo e apaixonado Christian, enquanto Kidman brilha como Satine, entregando uma performance que combina vulnerabilidade e carisma. Seus momentos musicais juntos são o coração do filme, particularmente o emocionante dueto “Come What May”.
Apesar de sua exuberância, o filme não perde de vista a melancolia presente em sua narrativa. A trágica história de amor entre Christian e Satine é intensificada pelas escolhas visuais e musicais, resultando em uma experiência que é ao mesmo tempo empolgante e devastadora. É um lembrete de que, por trás das luzes brilhantes e da música contagiante, há uma história profundamente humana.
Moulin Rouge: Amor em Vermelho não é apenas um musical; é um espetáculo visual e emocional. Luhrmann transforma o gênero, modernizando-o sem abandonar suas raízes, e entrega uma obra que é tão inovadora quanto emocionante. Para quem busca uma experiência cinematográfica única, é um filme que merece ser revisitado.