Dedicado especialmente à Comunidade do Vidigal, no Rio de Janeiro, Mundo Novo é um filme incrível, participante de peso do Festival do Rio, que mostra a força das diferenças e do discurso sem o cenário da violência.
O casal Conceição (Tati Villela) e Marcelo (Nino Batista) está prestes a se mudar para um novo apartamento. Juntos eles sonham com a vida a dois que começou a se desenrolar na pandemia e agora, com a flexibilização das medidas restritivas, parece poder se tornar realidade. Para conseguirem comprar o apartamento no Leblon que tanto querem, tudo que precisam é da assinatura de Charles (Kadu Garcia), irmão mais velho de Marcelo, mas não será tão fácil lidar com essa parte da família.
Por que este filme é preto e branco? Foi a primeira pergunta que surgiu depois de conferir o trailer. Assim que as primeiras cenas se desenrolam, e a história vai tomando forma, fica claro que o grande tema do longa são as diferenças. E não apenas as diferenças de cor, mas de ideias, de família, de amor, de compreensão de mundo. Pois bem, a impressão que fica é que para que tudo pudesse ser assistido, analisado com o mínimo de julgamento e o máximo de empatia, a cor, essa poderosa característica que indica o que é quente, o que frio, sem querer às vezes diz o que é bom, o que é mau, o que é certo e o que é errado, foi neutralizada.
Com isso em mente, temos ainda mais um ponto interessante. Todas as discussões, mesmo as mais carregadas de sentimentos conflitantes e discordância, são feitas sem que os personagens recorram à violência. Ainda existem traços de ironia, ignorância, e muita indignação, mas diferente do que a maioria dos filmes com esse contexto propõem, aqui não há violência.
Agora, que existe muita emoção na troca de argumentos, naquela frase bem dada na cara do outro, isso há. E aqui, isso pode não acontecer com a frequência que o público gostaria, nem com a mesma paciência, mas quando acontece é bo-ni-to! Assista e se deleite!