POLLUX

O curta Pollux, que é o mais longo dos curtas, com 23 minutos, é um live action dirigido por Michaël Dichter que trata das dores de três moleques em uma cidade pequena e economicamente fodida. Aqui temos o tema da adolescência sendo trabalhado de novo, de uma forma dura e angustiante. Confesso que não gostei, talvez porque você termina tentando digerir as informações, entendendo que aquela é a realidade de muitos jovens ao redor do mundo, de maneiras e óticas diferentes, mas sempre mais ou menos assim.

SCRAP

O curta Scrap, um live action de 14 minutinhos escrito e dirigido por Jamie O’Rourke é um drama que fala de amizade e adolescência (você vai notar que esse tema permeia a grande parte dos curtas do festival, justificado pelo público pretendido com a exibição no Minecraft) de uma maneira muito sensível, silenciosa e com cada frame tendo sido muito bem pensado (fotografia está linda!). Vale conferir.

VIRAGO

O curta Virago é muito intrigante, a começar pela frase que todos amamos e que aparece já no comecinho: Baseado em fatos reais. Uh, chega a subir um arrepio na espinha de ansiedade, e eu sempre corro no Google dar uma espiada na história real e ver se ela me assombra ainda mais. Mas voltando ao live action de 15 minutos dirigido por Kerli Kirch Schneider, ele conta que a cidade sempre teve as mulheres atuando nas principais atividades de casa e os homens nas suas (as imagens falam por si só e já vão dando o tom do curta). E quando a Segunda Guerra Mundial chega, os homens correm para a floresta para não lugar na guerra. E como uma maldição, eles morrem e as novas gerações de homens não passam dos 40 anos de idade, pois morrem de alguma morte trágica antes de chegar lá. E é assim, nesse matriarcado que acompanhamos Olga, cujo marido vai fazer 40 anos. E ela defende seu homem com unhas e dentes enquanto acho que vale a pena. Vale conferir o curta!

COM A THELMA

O curta Com a Thelma é um live action de 14 minutos dirigido por Raphaël Balboni e Ann Sirot. O filme é fofo demais, e vai te deixar com quentinho no coração! A história é a seguinte: um casal fica com a filha de amigos que estão no exterior sem poder voltar pra casa por causa da erupção de um vulcão. No começo eles estranham a menina em casa, e estão inseguros sobre como agir e reagir àquele pequeno ser, mas logo se acostumam a tê-la como parte de suas vidas. Lindeza <3

UM CARA PEDE A NAMORADA EM CASAMENTO

O curta “Um Cara Pede a Namorada em Casamento”, dirigido por Bernhard Wenger, foi um dos que menos gostei no festival. Em 13 minutos, estamos basicamente espiando enquanto um cara muito nervoso tenta pedir a mão da namorada em casamento (espiando porque o amigo se esconde com a câmera na mão e está filmando tudo). Eu fiquei apreensiva pelo cara, e me senti trapaceando ao acompanhar o desenrolar da história e todo o sofrimento do personagem principal. Não curti.

BACKFLIP

O curta Backflip tem 12 minutos de imagens geradas por Inteligência Artificial, incluindo as falas. O curta é simplesmente genial em tantos níveis que me dá um pouco de ansiedade de falar sobre ele, mas vou deixar minhas impressões básicas esperando que você realmente tome um tempo para assisti-lo, pois vale muito a pena. Basicamente, acompanhamos um avatar criado a partir da imagem do diretor, Nikita Diakur, que narra suas aventuras usando a voz do diretor com falas gerada por IA, tentando realizar um mortal de costas (daí vem o nome do curta, “Backflip”). Segundo o avatar nos conta, performar um mortal de costas sempre foi um sonho de Nikita, mas ele morre de medo de cair de cabeça e tal, então preferiu passar essa responsabilidade para seu avatar. E começamos a acompanhar a saga do desastrado avatar pulando, caindo, derrubando coisas, caindo de cara no chão e tentando aprender a realizar o movimento. Me peguei torcendo para que ele conseguisse ter sucesso. E em determinado momento, o diretor começa a considerar os sentimentos do avatar e coloca música para que ele relaxe e consiga realizar o feito. Bom, pela pequena descrição do curta, você já consegue pensar em várias questões, não é mesmo? Então corre conferir o curta e entrar (ou continuar) as discussões sobre IA, humanidade e seus conflitos.

CHICKEN OF THE DEAD

O curta Chicken of the Dead, uma animação 2D super maluca de 10 minutos, foi dirigida por Julien David. Basicamente, a história mostra um fabricante de frangos híbridos (se é que dá pra chamar assim) que leva sua nova criação para um coquetel e quem se alimenta do produto vira um frango gigante. Crítica super feroz à indústria alimentícia atual? Com certeza! Não foi dos meus preferidos, pois odeio críticas vazias que mais parecem campanhas veganas que não apresentam soluções aplicáveis para a realidade que temos hoje no mundo, mas vale dar uma espiada.

O COWBOY KEVIN

O curta O Cowboy Kevin é um stop motion de 6 minutos dirigido por Anna Lund Konnerup. Ele começa fofo, mas acho que o fechamento foi meio forçado e esquisito. Mas deixo pra você decidir.

RELAÇÕES DANOSAS

CONTOS DO MULTIVERSO

O curta Contos do Multiverso é incrível. Não sei se é meu lado nerd falando mais alto, mas eu confesso que adoro uma confusão em filmes (você tem um minuto para ouvir a palavra de Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo? Não deixe de conferir esse filme adoravelmente maluco!)! E este curta animado de meros 7 minutos, dirigido por Magnus Igland Møller, Mette Tange e Peter Smith, vai te arrebatar com sua adorável confusão. Começamos acompanhando um velhinho barbudo em meio a nuvens criando o que seria a humanidade (qualquer semelhança com histórias contadas em livros arcaicos que as pessoas teimam em dizer que foram baseadas em fatos reais é mera coincidência). Ele usa um programinha super rudimentar, que eu na minha falta de conhecimento descreveria como um Paint Brush, e desenha uma bola. Pega um homenzinho e joga na bola, mas ele escorrega. Aí ele achata a bola (os terraplanistas piram!!!) e o homenzinho fica. E entrem dinossauros, homens em espaçonaves e um filme ao estilo “Interestelar”, você vai amar o curta.

DINHEIRO E FELICIDADE

O curta Dinheiro e Felicidade, um stop motion de massinha de 10 minutos, dirigido e basicamente feito por Ana Nedeljkovic e Nikola Majdak, tem roteiro sensacional. Essa crítica social à maneira como estamos presos na rodinha da economia, como hamsters correndo para lugar algum. E o bacana é que os personagens do curta são hamsters na terra dos hamsters, descrita como perfeita, onde todos são felizes, a economia é perfeita, não há desemprego e o PIB cresce a cada ano. Mas os hamsters trabalham 20 horas por dia, e passam o tempo de repouso comprando coisas que a gerência disponibiliza para eles comprarem. Qualquer semelhança com a vida real é mera coincidência, já vou avisando. Este foi um dos meus curtas preferidos, super vale a pena ser conferido.