O Desafio de Marguerite

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O Desafio de Marguerite: Entre números e emoções em uma jornada desafiadora

O Desafio de Marguerite, um filme dirigido por Anna Novion retrata a trajetória de uma mente fora do comum, uma especialista em matemática que está no ponto alto da defesa de sua tese. E que até então apesar de percalços de vida acadêmica e escolha de carreira, parece estar bem com a escolha que fez.

Importante indagar uma questão inicial que causa desconforto, o nome do filme que em tradução literal seria O Teorema Marguerite que inclusive conversaria muito bem com o pôster do filme, e toda a história, porém no Brasil foi traduzido para O Desafio de Marguerite o que parece inofensivo e muito próximo, mas uma pesquisa no google nas definições de dicionário e um breve pesquisa na etimologia das palavras “ desafio” e “teorema” já é suficiente pra entender que o certo seria manter a tradução literal, afinal desde a primeira cena fica claro que a protagonista tem um objetivo de vida, que se trata de um processo lógico.

Marguerite está em um momento importante da vida acadêmica, muito inspirada pela mãe escolheu os números para lidar na carreira, mas um erro durante a apresentação de sua tese faz com que ela tenha que aprender a lidar com a derrota, embora demonstre der uma personalidade de alto controle inibitório, ela no momento de queda acaba agindo sobre um forte impulso. E muda completamente o rumo da vida de estudante brilhante.

Muitos podem dizer que no roteiro Anna Novion e Mathieu Robin quiseram mostrar uma personagem afetada emocionalmente, mas na realidade o mundo dos números sempre rodeou Marguerite, já que mãe é professora de matemática e a filha acabou aprofundando seus conhecimentos em reação ao tema. O que acontece que ela só tem 25 anos, e se vê no momento de procurar uma afirmação se deve seguir essa carreira.

Algo comum em filmes de questões tão ligadas ao ego é a relutância em parecer que o personagem principal precise encontrar o avesso da sua personalidade para encontrar a verdadeira resposta de quem é realmente. Mas na verdade fica claro que Marguerite precisava de tempo e afastamento, para ver o problema de fora. Pode parecer que ela foi “viver a vida”, “se descobrir”, mas a verdade é que seu modus operandi nunca mudou. A lógica e a razão estão sempre ao seu lado.

Não é por ser um personagem feminino que seja necessário um aflorar de sentimentos e sensações, o que faz o filme ser interessante é justamente a ordem pratica que a personagem tem para resolver as coisas. Pode parecer penoso e necessário que um romance torne o principal foco e que se venda algo a lá Hollywood, é de certa forma tem nuances para isso, mas Ella Rumpf dá vida a um personagem bem didático e não incorpora essa versão. Talvez o momento mais agoniante do filme é exatamente quando parece que ela vai se deixar levar por opiniões alheias.

Na verdade, O Desafio de Marguerite é mostrar como grandes decisões são construídas a partir de erros de cálculo, e que mesmo assim é possível retomar para a resolução do problema, um filme pode gerar uma pontinha de decepção ao final para quem queria mais do protagonismo da matemática, mas é bem de leve.

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