O Legado de Júpiter

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Falta de carisma e história desinteressante são algumas das falhas que atrapalham a nova série da Netflix

O Legado de Júpiter é a nova série de super-heróis da Netflix baseada nos quadrinhos de Mark Millar, criador de Kick-Ass. O autor, que trabalhou muito bem a violência entre os heróis, levanta novamente a pauta sobre os superpoderosos que matam, seguido também do recente sucesso da série animada Invencível da Amazon Prime Video, The Boys, também do mesmo streaming e por último e talvez o mais importante de todos, a Liga da Justiça de Zack Snyder.

Em O Legado de Júpiter, vale citar a sinopse oficial que revela que a série acompanha a primeira geração de super-heróis que, tendo recebido seus poderes nos anos 30, manteve o mundo em segurança por quase um século. Quando um herói assume o controle do governo, os filhos desses guerreiros lendários devem escolher entre apoiar o novo regime ou lutar para ficar à altura dos feitos grandiosos dos pais. Com o peso do legado nas costas, os herdeiros embarcam em uma jornada épica para proteger a humanidade de todos os tipos de mal que se levantam contra ela. Família, poder e lealdade se misturam nessa aventura multigeracional. Acontece que a série não consegue trabalhar bem seus temas para prender a audiência. Com uma trama desinteressante que vai e volta do passado sem saber exatamente pra onde vai e com um visual pouco original, fica impossível não comparar ou não sentir leves homenagens a outras produções do gênero como Power Rangers de 2017, Shazam! e principalmente a série da Supergirl da DC.

Mas o problema acontece quando essa fantasia tenta se levar a sério, principalmente em termos técnicos. A peruca de Josh Duhamel, assim como a maquiagem de todos os personagens, é um detalhe que incomoda e distrai a atenção das cenas, bem como as lutas, que são pobremente coreografadas e bagunçadas sem o menor sentido estético ou prático. Em contraponto, são apresentadas sequências sérias de origem nos anos 30, com problemas reais, mas que patinam num misto de sentimentos que não combinam e a trama se perde de vez. A violência que é um ponto importante da história e que gera conflitos, também é jogada de um jeito que perde efeito, porque esses heróis não conseguem se firmar na tela e a gente não se importa com nenhum deles. Isso faz com que a experiência se torne vazia, porque mesmo os protagonistas Sheldon, Grace (Leslie Bibb) e Brandon (Andrew Horton) não sendo excelentes atores, com uma direção mais aguçada, seria possível pelo menos trazer um pouco de empatia pelos personagens, mas infelizmente a série não aproveita o caricato e insiste na seriedade desses heróis que não conseguem passar nenhum tipo de carisma.

Ao patinar num saudosismo que fica apenas subentendido e poderia ser melhor explorado, o roteiro tenta nos enrolar em episódios que explicam muito sobre um passado que poderia ser resolvido com uma introdução antes do piloto. O debate geracional que a série propõe como sua maior força, não se desenvolve como deveria, e nesse ponto vale ressaltar como a série Superman & Lois da DC tem tradado esse tema com maestria, com o tom correto. Os diálogos entre Sheldon e seus filhos até possuem sentenças interessantes, mas não geram as consequências necessárias para o roteiro caminhar e patinam na mesmice durante 8 episódios arrastados, cansativos e desinteressantes. Ao mesmo tempo que sobra o que dizer sobre O Legado de Júpiter, também falta pelo pouco que a série oferece ao gênero. Um legado que a Netflix não precisava.

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