A promessa de O Maravilhoso Mágico de Oz: Parte 1 era revisitar uma história atemporal com novos ares e visuais encantadores. No entanto, o resultado está longe de atingir esse objetivo. Apesar de contar com um material de origem rico e inspirador, o filme tropeça em praticamente todos os aspectos, exceto nos visuais, deixando um amargo gosto de decepção.
A dublagem é, sem dúvida, um dos maiores problemas. Exibido apenas com essa opção para a imprensa, o filme falha em transmitir emoção ou personalidade através das vozes dos personagens. Tudo soa monótono, quase robótico, minando qualquer chance de conexão emocional com a jornada de Ellie e seus companheiros. É como se o filme não quisesse que o público sentisse nada, além de ódio pela protagonista chata.
O roteiro, por sua vez, é um verdadeiro quebra-cabeça incompleto. Os eventos se desenrolam como uma colcha de retalhos desconexa, repleta de furos que desafiam a lógica. Os momentos de maior potencial emocional ou narrativo são interrompidos abruptamente ou simplesmente ignorados, deixando a trama sem coesão. Até mesmo a estrutura do filme, encerrando em um ponto abrupto para justificar uma “Parte 2”, parece mais uma desculpa para lucrar do que uma decisão artística genuína.
As piadas, que poderiam suavizar o tom desastroso, são incrivelmente forçadas e não conseguem arrancar nem mesmo um sorriso amarelo. Os personagens, que deveriam ser o coração da história, são tratados de forma superficial, muitas vezes beirando o caricato. Isso é especialmente frustrante quando consideramos o potencial de figuras como o Espantalho, o Homem de Lata e o Leão Covarde para oferecer momentos cativantes e reflexivos.
Mesmo os visuais, que ainda são os mais próximos de um potencial ponto positivo, são inconsistentes. Apesar de algumas paisagens coloridas que remetem à magia do universo de Oz, o excesso de exageros e a estética artificial acabam tornando a experiência visual cansativa. É um mundo que deveria encantar, mas em vez disso, afasta o público com sua falta de sutileza.
Mais irritante ainda é a superficialidade das mensagens. Em vez de explorar temas profundos, o filme se contenta com críticas genéricas e datadas sobre tecnologia e a “juventude conectada”. A moral parece mais uma repreensão mal-humorada do que uma lição genuína, alienando ainda mais o público.
O Maravilhoso Mágico de Oz: Parte 1 não é apenas uma adaptação ruim; é um produto que se esquece de honrar a essência do material que o inspirou. O filme poderia ter sido uma celebração da amizade, coragem e autodescoberta, mas escolheu o caminho mais fácil e vazio. O resultado é uma experiência frustrante que deixa pouco espaço para empolgação com a continuação.