O filme argentino O Sítio, com direção e roteiro de Silvina Schnicer é um drama com elementos de suspense e terror psicológico. O elenco conta com Sebastián Arzeno, Emma Cetrángolo, Alejandro Gigena.
A trama segue uma família (Rudi, Silvia e seus três filhos) que viaja para uma antiga casa de campo da família em busca de descanso nas férias de inverno. Ao chegarem, encontram o lugar em estado deplorável e com um odor estranho, após ter sido invadido. A rotina é abalada por um conflito entre o pai (Rudi) e o zelador do bairro. A situação toma um rumo sombrio quando uma casa abandonada próxima começa a pegar fogo, revelando que as crianças da família, assustadas, podem ter cometido algo terrível. O filme explora as consequências desse ato e o clima de silêncio e culpa.

Em 1h38, o filme lida com o trauma, a dificuldade de conviver com um ato imperdoável e o colapso da imagem da família ideal. O longa questiona temas como a família ideal e a propriedade privada como símbolo de sucesso, com forte ressonância na Argentina contemporânea.
O verdadeiro terror não está no sangue, mas na tentativa de viver normalmente após o trauma. O fogo de uma casa abandonada, que as crianças da família supostamente incendiaram, se torna um símbolo do trauma que não se apaga, apenas se infiltra nos gestos e olhares.
O Sítio tem um ritmo deliberadamente lento, quase hipnótico. É como um cinema de sugestão, que gera desconforto pela observação e pela ambiguidade, em vez de recorrer a reviravoltas ou um clímax tradicional.Quem espera um clímax ou uma explicação pode sair frustrado. A ambiguidade, embora profunda e perturbadora, pode afastar espectadores menos pacientes. Os personagens adultos (especialmente o pai, Rudi) são figuras mais simbólicas do que psicologicamente detalhadas, servindo mais ao discurso do filme.

O filme não foca no horror sangrento, mas sim no trauma e na negação, questionando o mito da família ideal, da infância feliz e da propriedade privada. É fogo, como o trauma, que não cessa ao ser controlado; apenas muda de forma, infiltrando-se nos gestos e olhares dos personagens.
Resumindo, O Sítio é um filme de ritmo lento, sugestivo e profundamente perturbador, que explora o horror psicológico subjacente à tentativa de manter uma vida normal após um ato imperdoável. A capacidade de perturbar e a profundidade na exploração de temas sociais e familiares, especialmente no contexto argentino contemporâneo são os grandes destaque do filme.




