O Vendedor de Sonhos

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"O Vendedor de Sonhos" é filme para fãs de autoajuda, e olhe lá!

Não sou fã do gênero autoajuda e ouso dizer que não acredito. Se você acredita em seus ensinamentos ou mesmo é fã, veja O Vendedor de Sonhos e passe bem longe desta resenha.

Não vejo propósito na coisa toda! Não acho que os ensinamentos contidos neste tipo de obra funcionem, ou todos os fãs de carteirinha que consomem cada exemplar de renomados autores do gênero teriam vidas incríveis e parariam de ler obras do estilo — digo isto tendo trabalhado em uma livraria e acompanhando o tipo de público ao qual o gênero se destina.

O Vendedor de Sonhos, a adaptação do livro homônimo do brasileiro Augusto Cury, parece ser feita para os fãs do autor e seu gênero.

No filme, Júlio César, um psicólogo decepcionado com a vida em geral, está à beira do abismo (literalmente!), prestes a se suicidar, mas é impedido de cometer o ato final quando ouve a voz do “Mestre”, que lhe convida a dar uma segunda chance para a vida.

O “Mestre” não se trata de um anjo ou de Deus, mas sim de um sem-teto, e uma amizade peculiar surge entre ele e Júlio Cesar. Logo, o psicólogo é convencido a encarar a vida de outra forma, e a dupla passa a buscar o sentido da vida enquanto tentar salvar outras pessoas pela cidade de São Paulo na jornada.

O filme é uma enxurrada de frases de efeito lançadas na cara do espectador de minuto em minuto. Os personagens andam de situação episódica em situação episódica, só para passar por ensinamentos piegas e que muitos outros filmes já fizeram de uma forma mais sútil, artística e elegante.

Cury pode ser um expert da autoajuda, seus ensinamentos podem funcionar nos livros (e prova disso são os mais de 25 milhões de exemplares vendidos), mas no cinema, a overdose de ensinamentos, como mostrados por Jayme Monjardim (Olga e O Tempo e o Vento), soa apenas como propaganda motivacional. Só não dá para dizer que seja propaganda motivacional de quinta categoria porque plasticamente a produção é impecável.

Dan Stulbach (Onde Está a Felicidade?) faz o psicólogo suicida potencial, e encontra nas frases-feitas do guru, interpretado pelo uruguaio César Troncoso (também de O Tempo e o Vento), mais sentido para a vida do que nos ensinamentos da disciplina de Freud, que ele deve ter visto na Universidade. E nem o mistério por trás da vida anterior do “guru” faz com que ele se afaste do personagem.

Resumindo, após a pieguice que O Vendedor de Sonhos se resume, saí com vontade de cortar os pulsos após o fim da sessão, mas então lembrei que um mendigo chato, cheio de ensinamentos piegas, podia aparecer pra me salvar, e aí desisti!

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