Placa-Mãe

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"Placa-Mãe": Uma jornada de IA, adoção e futuro distópico em um Brasil singular

Quem nunca parou para pensar nos impactos que a intervenção da Inteligência Artificial causa na nossa rotina? As teorias são muitas, das mais apocalípticas até as mais inofensivas. Pois bem, a proposta do longa de animação Placa Mãe é justamente mostrar diversas dessas questões sobre um ponto de vista extremamente próximo de nós.

Nadi é uma robô única. Dotada de IA, seu lado afetivo fala mais alto do que o analítico, o que a faz perfeita para o seu trabalho: encontrar novos lares para robôs fora de linha. Outra característica exclusiva, é o fato de ela ter os mesmos direitos legais que os seres humanos, podendo inclusive votar se quiser. Ela cruza o caminha de um casal de irmãos órfãos, David e Lina, e se dá conta do quanto quer adotá-los. A partir deste momento, ela vai ter que lidar com diversas dificuldades, desde burocráticas até seu próprio aprendizado em como se tornar a figura que os irmãos precisam que ela seja. Contudo, Nadi está determinada a seguir “sua intuição” e deixar que os “sentimentos” que tem pelas crianças cresçam cada vez mais.

Como o próprio diretor Igor Bastos disse, Placa Mãe é um “SCI-FI da Roça”. Construído todo em Minas Gerais e tendo a cidade como cenário da história, o longa mostra uma Minas do futuro, com carros voadores, robôs e espaços automatizados, coexistindo com problemas do passado, como a produção excessiva de lixo, governantes desonestos, trabalhadores desvalorizados, burocracia.

O uso dessas temáticas no enredo da animação é o que deixa o filme tão interessante de ser assistido por diversos públicos. Vemos uma robô, ou seja, um “ser” incapaz de desenvolver sua própria família, calculando as chances nulas que os dois irmãos pretos tem de serem adotados, e a partir dessa conclusão se colocando como uma “mãe solteira” que vai acolher David e Lina em sua vida por escolha. Leia essa frase de novo, não parece coisa de animação, não é mesmo? Mas é! Tamanha a genialidade e habilidade da equipe cinematográfica em conseguir colocar uma pauta como esta nesse formato tão singelo.

A trama de Placa Mãe se desenrola com esses e outros grandes temas como a integração do homem com a natureza e a máquina, o futuro distópico (ou nem tanto) que nos aguarda, direitos e deveres das IAs, ora sendo discutidos pelo trio principal, ora por outros de seus mais de 30 personagens, cada um mais simbólico e representativo do que o outro. Em alguns momentos é uma figura política, outra de uma pessoa idosa, outra de alguém que vive em condições extremamente precárias, e todos ao som de canções célebres interpretadas por Milton Nascimento, Caetano Veloso, Leo Henkin, The Coaster e outros grandes nomes.

Assistam a Placa Mãe e estejam preparados para uma grande aventura!

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