Rapto

Onde assistir
“Rapto”: Um filme forte e perturbador que narra o rapto de um recém-nascido

Aqui vão algumas informações rápidas sobre o filme:

  1. Vencedor do Prêmio SACD na Semana da Crítica do Festival de Cannes 2023.
  2. Filme de estreia da diretora francesa Iris Kaltenbäck.
  3. A história é baseada em fatos reais.
  4. O filme tem estrutura de um quebra-cabeça e exige uma certa atenção do público.
  5. Possui atuações maravilhosas e um roteiro interessante.
  6. O clima de tensão e a lentidão de algumas cenas podem incomodar pessoas ansiosas.

Qua a histótia de “Rapto”?

Lydia, uma parteira dedicada, está no meio do término de um relacionamento. Ao mesmo tempo, sua melhor amiga avisa que está grávida e pede que Lydia acompanhe a gestação. Ela se apaixona por Milos, um caso de uma noite e, enquanto carrega o bebê de sua amiga nos braços, Lydia embarca em uma jornada traiçoeira que pode custar tudo que ainda lhe resta.

Mentiras complexas que se misturam em um quebra-cabeça emocional

Rapto se inicia com a narração de Milos, o interesse romântico que Lydia acabou de conhecer. Esse fato em especial nos proporciona uma certa confusão, porque demora um tempo até compreendermos quem é de fato o personagem ou a personagem principal dessa história. A verdade é que não há uma verdade, a não ser as mentiras que foram contadas por Lydia.

É confuso, eu sei. Mas essa é a intenção da diretora Kaltenbäck. Durante todo o filme nós acompanhamos o LENTO tecer de uma teia de enganações, e de discursos desesperados de uma mulher que teve seu coração ferido por uma traição.

É interessante testemunhar como Lydia vai perdendo o controle enquanto se esforça para que o seu mundo não desabe. Tudo que ela tem para que isso não aconteça são suas mentiras, e o desejo de manter tudo como está, ou como ela desejaria que estivesse.

A atuação hipnotizante de Hafsia Hersi é o que verdadeiramente sequestra

Sabe aqueles personagens que você não consegue ver sendo interpretados por outros atores? Esse é o caso de Hafsia Hersi dando vida à jovem parteira Lydia. Ela possui uma presença de tela impressionante, é quase sobrenatural. Ela consegue sair de cenas em que está muda e apagada para outras em que encarna uma verdadeira deusa da atuação. Tudo em questões de segundos! É muito difícil um ator ou atriz conseguir demonstrar emoções com tamanha complexidade como Hersi fez em Rapto.

Você odeia, tem pena, ama e perdoa Lydia. Ou o processo inverso. O que encanta é essa gama de sentimentos serem repassados de forma sutil. Quando você percebe, Lydia sequestrou um bebê e a sua atenção, porque passamos o filme inteiro em suas mãos.

Uma mistura de ficção com documentário

A profissão de parteira é retratada quase de forma documental. Por alguns instantes até esquecemos que se trata de uma ficção. Iris Kaltenbäck dirigiu Rapto com um certo naturalismo, típico de documentaristas. Ela também se preocupou em entregar uma edição enxuta e uma fotografia que evita julgamentos. O ficcional fica a cargo do roteiro e das narrações em off de Milos.

Esse tipo de cinema tem se tornado cada vez mais popular, principalmente entre os diretores mais jovens, especialmente os vindos da Europa. Acho interessante prestarmos atenção nesse movimento atual (posso chamar de movimento? Ou talvez de escola?).

Vale a pena ver “Rapto” nos cinemas?

SIM! SIM E SIM! Mas aviso: Rapto pode ser bastante desafiador para pessoas ansiosas. Outra coisa que pode incomodar é que o filme demora um pouco para engatar. Devo reconhecer que ele é bastante arrastado no começo. Mas essa é uma característica desse tipo de narrativa.

Você também pode gostar...