Castelos de Areia

Onde assistir

Casal em conflito vai passar um fim de semana em uma casa de campo na Bretanha, região da França. Parece uma história bem batida em filmes franceses, mas só parece. O romance dramático Castelos de Areia (Les Châteaux de Sable) tem muita coisa a oferecer, e você vai se pegar coladinho à telinha, enxugando lágrimas e sorrindo com as desventuras e os dramas deste ex-casal com pinta de feitos-um-para-o-outro.
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O começo do filme é um pouquinho confuso, pois de cara não dá pra saber quem está narrando a história: é Eléonore (Emma de Caunes, Ma mère), fotógrafa que acabou de perder o pai e está em dificuldade financeira, e precisa vender a casa na Bretanha o quanto antes? Ou é Samuel (Yannick Renier, Nue propriété), professor de história, que acompanha a ex-namorada porque ela não sabe dirigir e precisa dele (desculpinha esfarrapada, hein?!). Mas a voz é feminina e está narrando em terceira pessoa quando fala de Eléonore. Então pode ser Claire (Jeanne Rosa, T’embrasser une dernière fois), a agente imobiliária que vai ajudá-los no processo de venda da casa, mas que acaba bem envolvida com o casal (que pode ser explicado pela solidão de sua vida). Mas aí você percebe que o narrador não é um só (pra dizer a verdade, a narradora principal você só vai descobrir quem é no final do filme), e os personagens às vezes contam suas perspectivas da história diretamente para o espectador, fazendo-nos cúmplices desta história amorosa mal resolvida. Mas essa colcha de retalhos de sensações, histórias, opiniões, pontos de vista diferentes, acusações e uma tensão sexual crescente (que só pode resultar em sexo, ainda mais em um filme francês, né?) é completamente satisfatório, apesar dos diversos clichês do filme, e da falta de novidade na história.
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O filme, dirigido por Olivier Jahan (Faites comme si je n’étais pas là), consegue engajar o espectador, que, além de cúmplice do ex-casal, fica torcendo para que eles conversem um com o outro (ao invés de ficarem apenas nos confidenciando suas expectativas e medos quanto à relação) e resolvam logo as diferenças. Além disso, participamos de outros relacionamentos, todos com pontas soltas que talvez nunca mais possam ser atadas. Eléonore acabou de perder o pai (o cantor Alain Chamfort), e sente muito sua falta. E, no fim de semana na casa, descobre que seu pai manteve um relacionamento de 8 anos com Maëlle (Christine Brücher, D’amour et D’eau Fraîche). O período tão curto parece servir para fechar feridas e acertar as contas antes de seguir em frente.
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Uma das cenas mais bonitas do filme é em um dos encontros de Eléonore com seu pai (ela tem conversas com o homem, como se ele estivesse ainda presente) no qual ele pede que ela pare de ter tantos medos: medo de morrer, de fracassar, que pare de ser uma “gatinha assustada” e viva sua vida. Ele também recomenda, em outra conversa, que ela venda logo a casa, pegue o dinheiro e viva a vida, que pare de prostituir sua arte sendo uma fotógrafa comercial (ah, bom comentar que as fotos do filme foram feitas com uma Leica, e que são lindas! Veja algumas aqui). Além disso, a fotografia é linda, com a região da Bretanha ajudando no clima de introspecção. Em muitas cenas você se sente pequeno, solitário, perdido na imensidão da paisagem, menos na cena de Eléonore, Samuel e Claire na praia, que é quente, aconchegante, cheia de esperança.
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Então se você está no clima pra um romance dramático daqueles meio bipolar (você não sabe se chora ou se ri), com um jeitão bem francês, com protagonistas gatos e engajantes (ambas as atuações estão excelentes), este é o seu filme. Prepara o espumante, o queijo brie e o mel e se joga.
Nota:

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