Invocação do Mal 2

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"Invocação do Mal 2" entrega o que prometeu: uma história de gelar os ossos, desenvolvida em 2h15 de muitos sustos

Vem, entra no clima comigo: você está dormindo, tranquilamente, e acorda com sua irmã, que dorme na cama ao lado, resmungando enquanto dorme. Deve ser um pesadelo, então você senta na cama e fala pra ela voltar a dormir. Ela se tranquiliza e fica quietinha. Você também deita, pois são 3h07, amanhã tem aula, melhor dormir. Quando fecha os olhos, quase morre do coração porque sua irmã começa a discutir com alguém. Quando você vira pro lado, ela está sentada na cama, falando com duas vozes diferentes. Você acha aquilo muito estranho, manda ela parar, diz que está tudo bem, então ela relaxa novamente e volta a dormir. Mas aí, assim que você fecha os olhos (é sempre assim, né?), a guria volta a brigar com alguém, mas agora ela está em pé, ao lado da sua cama. Ahhhhhhh! Você senta na cama, e está pronta pra dar um puta sermão quando… a outra voz responde, mas agora não é mais sua irmã reproduzindo o som, pois ele vem de um cantinho escuro do quarto. Você rapidamente acende a luz do abajur e, felizmente, vê que não tem nada ali. Sua irmã volta pra cama, e logo dorme. Você se volta pra apagar a luz, mas desiste da ideia (essa é das minhas!).

É, galera. Invocação do Mal 2, dirigido novamente pelo brilhante James Wan (Deus do Olimpo dos Filmes de Terror, ou DOFT pros í­ntimos!), está simplesmente sensacional. Ele segue a mesma linha do primeiro filme: começa com uma história sendo resolvida (neste filme foi o caso de Amityville, no filme anterior foi a história da Annabelle), que de repente vai desdobrar em um novo filme (!!!!!), joga uns textos na tela falando sobre Ed e Lorraine Warren e sua credibilidade e tal, e depois diz, bem grandão, “baseado em fatos reais”. Quem não se arrepia de ler isso? Sei lá se é de verdade, não interessa. Naquele momento vai ser, engulam, incrédulos!

Então, por 2h14, James Wan faz uma magia incrí­vel e faz a gente ficar com os olhos arregalados, grudadinhos na tela. Não dá tempo de piscar, minha gente! É muita coisa acontecendo. A resolução do caso de Amityville, nos Estados Unidos, pelos Warren (novamente Patrick Wilson e a maravilhosa Vera Farmiga) nos primeiros momentos do filme, já é de gelar o sangue. Aí­ Lorraine faz contato com algum tipo de entidade malévola, que mostra a ela uma previsão do futuro. Ela volta chocada pra casa, e até convence o marido a dar um tempo nas investigações. Em paralelo, em Londres, uma família está enfrentando eventos paranormais, que parecem conectados à filha mais nova, Janet (a incrí­vel Madison Wolfe) que parece assombrada por um antigo morador da casa. Os Warren são chamados para investigar o caso, mas Lorraine não consegue captar nada na casa. Será que a família está inventando tudo?

Invenção ou não, tudo que posso dizer é: o filme vale cada minuto das duas horas de projeção. Quando você acha que o diretor vai dar um tempo, boom, ele te pega de jeito. Aí­ ele põe Ed pra tocar violão e cantar Elvis pra distrair as crianças e, boom, quem mandou relaxar? Algumas coisinhas são dispensáveis, como o Crooked Man, que ficou meio idiota, e alguns personagens, como a filha dos Warren, não fazem diferença alguma na história. Mas eles são compensados por outros, excelentes, como Madison Wolfe interpretando a perturbada Janet. Essa guria tem futuro 😀

E tem um personagem que não posso deixar de citar, pois faz toda diferença nos filmes do Wan: a câmera. Os ângulos básicos de filme de terror estão lá, escondendo algum detalhe que te deixa com os nervos à flor da pele, como quando o guri quer espiar a barraca no corredor, mas está sem coragem, e a câmera nos deixa sem visão da coisa também. Você instintivamente mexe a cabeça pra conseguir ver, mas sem sucesso. Tem também a cena da cama, que citei lá no começo, em que Wan mostra só o que quer, na hora que quer, e o efeito é uma taquicardia dos infernos, do começo ao fim. E tem os ângulos mais rebuscados, dignos de filmes mais indie, como os zenital em que os personagens caminham na chuva, tentando entrar na casa, e o lindo plano-sequência do comecinho do filme, mostrando a famí­lia e suas atividades (recurso também utilizado, com sucesso, no primeiro filme). Ah, e a edição está primorosa, e a trilha sonora, com composições de Joseph Bishara (que trabalha com o diretor desde sempre) e alguns hits da década de 1970 (entre rock britânico e pop americano), está de arrasar.

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