O Amor é Estranho

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Ah, l’amour! É sempre muito bom falar sobre este tema. Pode não ser tão fácil, pois o amor envolve muito mais do que os lindos contos de fadas contam pra gente. Tem sempre o depois da festa, depois do casamento, depois do grande encontro. As dificuldades em qualquer tipo de relacionamento são diversas, e o que era pra ser, na teoria, cor-de-rosa, na prática tem muitos tons de várias cores.
E assim é o filme O amor é estranho. Primeiramente, este não é um filme apenas sobre a relação de um casal homossexual (pois olhando as fotos aí, é a primeira coisa que você vai pensar). O foco é, sim, o casal Ben (John Lithgow) e George (Alfred Molina), mas o filme fala também das relações em geral. Relações entre pais e filhos, relações homossexuais, heterossexuais, recentes, de longa data. Todas tendo como pano de fundo uma cidade grande e cosmopolita (New York, sim, só podia). Porque uma cidade grande e cosmopolita normalmente aceita as relações que fogem da bendita norma, né não? Bom, talvez nem tanto, pois no filme George perde seu emprego depois de se casar com seu companheiro de longa data. Eles já moravam juntos há 39 anos, não escondiam seu relacionamento de ninguém, e até recebiam alguns dos alunos de George e seus pais em seu apartamento, mas a partir do momento que oficializaram a união, tudo desmoronou. Melhor nem comentar que George era o regente do coral de uma igreja, né?
E assim começa a história. Depois do baque de perder o emprego, eles precisam vender o apartamento e pedem ajudam para a família (alguém aí tem uma cama sobrando?). No final da história (pera, não mistura, não é no final do filme!), eles acabam tendo que viver separados, pois preferem ficar na cidade a ter que viajar 1h30 todos os dias para que George continue dando aulas particulares de música. E aí vêm as dificuldades de se viver na casa de outras pessoas, e estar no meio dos problemas de outras pessoas. Aí tem que ter bastante amor pra segurar a barra.
Algumas cenas são especialmente lindas, e te enchem de esperança, como o simples gesto de colocar a mão sobre a mão do companheiro durante um concerto. Ou a cumplicidade dos dois quando em um bar, rindo juntos. Quando George está estressado por causa de toda situação e vai visitar Ben, e chora em seu ombro, pois precisa do consolo que só o companheiro pode oferecer. E depois quando eles se espremem no beliche para poderem dormir juntinhos, sentindo falta um do outro depois de 39 anos dividindo uma cama. Ah, aí meu coraçãozinho continua acreditando no amor.
Além disso, gostei muito do Ben, que aos 71 anos (no filme…) é muito ativo, cheio de sonhos e projetos. Em um país como o Brasil, que ainda está engatinhando no processo de valorizar pessoas mais velhas, ainda mais quando elas acreditam piamente que já não valem mais nada e que tudo que lhes resta é aguardar pacientemente a morte, ele é uma inspiração. Ah, e vale a pena mencionar que a trilha sonora é muito linda, e que ter Nova York como pano de fundo (com direito a um pouquinho de história das conquistas gays na cidade e um passeio pela Gay Street, perto do final do filme) é sempre incrível.
Dica: vai, vai com fé. Ainda mais se você anda meio desiludido e desacreditado do amor. Vai lá, você vai amar o filme <3

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