O Lamento

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Quem diria que o melhor filme de terror do ano chegaria aos 45 minutos do segundo tempo de 2016?

Viver numa pacata cidadezinha do interior da Coreia do Sul deve ter lá suas vantagens, tipo tranquilidade, tranquilidade e mais tranquilidade zzzzzzz. Mas em filmes de terror, é nesses lugares que normalmente coisas estranhas acontecem, inexplicáveis, nos lugares mais escuros e escondidos, em cabanas à beira de uma floresta, em cavernas esquecidas, em beiradas de penhascos. Com chuva torrencial caindo, claro. (Tá com calafrios, já?) E é pra lá que o diretor e roteirista coreano Na Hong-jin nos leva no mais incrível filme de terror do ano, O Lamento.

O mais incrível filme de terror do ano? Ah, vou confessar, não via um filme assim faz tempo. Mas preciso deixar uma coisa bem clara: este não é o seu filme de terror tradicional. Se você só curte filme de terror hollywoodiano, então, melhor passar longe deste aqui. Mas se você curte filmes de terror asiáticos (que têm um ritmo bem diferente), vai amar O Lamento e suas 2h35 de duração. Sim, você leu direitinho: duas horas e meia de filme (de terror). Mas sem perder o pique.

Já no início do filme somos arrastados por uma paisagem lamacenta e chuvosa, e de cara adentramos uma cena de crime bem gráfica (e vamos ver muitas dessas ao longo do filme). Algo estranho está acontecendo na pequena vila de Goksung. Jong-goo é um policial daqueles do estilo que come donuts nos filmes policiais americanos, e não está mesmo acostumado a nada muito estranho acontecendo. Mas ele tem uma filha fofinha, Hyo-jin, e o ela dá broncas nele, e começamos o filme nesse clima mais familiar, com um policial trapalhão tentando investigar crimes horrendos. Às vezes temos alguns vislumbres de um mundo a parte, que parece estar bem longe daquele lugar pacato. Mas aí a coisa muda, de repente, quando Jong-goo segue uma pista do possível causador de toda aquela encrenca no vilarejo. E ele vai se arrepender amargamente disso.

Quando tento escolher alguma coisa preferida no filme, não consigo. Mesmo. Ele é incríveis em tantos níveis que nem sei por onde começar. Primeiro, apesar de ser longo, o filme é interessante do começo ao fim. Por vezes muito estranho, tanto que você pode até imaginar que o diretor/roteirista se perdeu. Mas não, é mais um de seus ardilosos truques para nos engatar ainda mais na história. E o filme é pesado. Apesar do policial bonachão e dos momentos de comédia do início do filme, o filme não perde em nada no suspense. E o filme trata de um assunto que sempre gera bons filmes de terror: tradições, crendices e rituais. Como o vodu já rendeu ótimos filmes de terror, os exorcismos da igreja católica rende outros ainda hoje, este sul-coreano traz xamãs, demônios e espíritos malignos, e rituais para invocá-los/expulsá-los. E o resultado é sen-sa-cio-nal!

Bom, eu jamais imaginei que ia ver um filme tão incrível aos 45 do segundo tempo de 2016, mas aconteceu. Tanto que tive que reformular minha lista de melhores de 2016, acrescentando esta pérola de última hora. Então bora pro cinema, pois este aqui vale pipoca, cachorro quente, refrigerante e até um saco grande M&Ms. Mesmo.

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