Os 33 retrata o drama real vivido por mineradores no Chile. Em 5 de agosto de 2010, em decorrência de um desabamento numa mina de ouro, trinta e três trabalhadores ficaram soterrados a quase 700 metros. Toda a história foi noticiada globalmente, e acompanhada por bilhões de pessoas. A ajuda também foi internacional: Estados Unidos, Canadá, e Brasil estão entre as nações que prestaram socorro. Após 69 dias soterrados, todos os mineradores foram resgatados com vida. Estes são os fatos, agora vamos ao filme propriamente dito…
A projeção tem um inÃcio morno: acompanhamos um tÃpico “almoço de domingo” na vila onde residem a maior parte dos mineradores, pessoal comentando banalidades, muita comilança, os jovens batendo uma pelada e os adultos discutindo futuro e alternativas ao trabalho sacrificante na mina. Tudo isso necessário pra contextualizar que mineiros também têm vida, sabe?
A diretora Patricia Riggen (Garota em Progresso) mostra um pouquinho do drama pessoal daqueles que serão os personagens-chaves da história – até porque desenrolar a história particular dos 33 mineiros renderia um filme bem mais extenso: Mario Sepúlveda (Antonio Banderas, de A Pele que Habito), um lÃder nato, tem uma filha que bate um bolão e um relacionamento quente com a esposa; Don Lucho (Lou Diamond Phillips, de La Bamba) é o ético agente de segurança da mina; e MarÃa Segovia (Juliette Binoche, de Acima das Nuvens) é a irmã preocupada, e que faz as melhores empanadas da cidade, de um jovem minerador egoÃsta.
Na manhã seguinte, acompanhamos a jornada dos trabalhadores ao interior da mina – uma viagem longa, que apenas terra adentro consome quase duas horas. Enquanto os mineradores iniciam suas rotinas, Don Lucho confirma suas suspeitas: a montanha está cedendo – e isso não demora a acontecer; tudo vem abaixo em uma cena de ação, onde os 33 trabalhadores buscam refúgio em um abrigo, e lá terminam enterrados-vivos.
A notÃcia corre rápido. Os familiares das vÃtimas iniciam uma manifestação por auxÃlio no perÃmetro da mina, e aà o governo, particularmente na figura de Laurence Golborne, ministro de Minas do Chile (interpretado por Rodrigo Santoro, de 300), intercede em auxÃlio dos oprimidos. O personagem de Santoro é daqueles polÃticos de alma pura, que não mede esforços para fazer o bem e zelar pela imagem do governo, como vemos aos montes no Brasil. Ele e o presidente chileno mobilizam maquinário e pessoal, incluindo o engenheiro especialista Andre Sougarret (Gabriel Byrne, de Stigmata).
Pausa aqui pro seguinte comentário: a maioria destes atores, de diferentes nacionalidades, interpreta chilenos, que na tela falam em inglês com sotaque. Assim como a ajuda internacional que salvou a vida dos mineradores, o casting do filme atravessou oceanos para compor esse elenco!
Mesmo com todos esses desafios, em especial a construção medÃocre do roteiro, o filme funciona como um dramão: a trilha e a sonoplastia, atuações e até os efeitos especiais dão conta do recado, e é impossÃvel não se emocionar em determinadas passagens do filme – especialmente ao tentarmos nos colocar na pele de algum dos 33 mineradores que tiveram a oportunidade de respirar novamente ar puro, abraçar seus entes queridos e deixar, ou não, o trabalho nas minas para trás – e o mais chocante, na vida real, sem indenização alguma!
P.S.: Juliette Binoche, sempre competente, integrou o elenco do filme após Jeniffer Lopez sair do projeto, devido a um conflito de agenda com as gravações de American Idol – Simon Cowell, te devo essa!
Nota:
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