Stranger Things – 1ª Temporada

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O reinado dos anos 80 gerou muito conteúdo para a cultura pop e deixou uma marca influenciadora que é referência para quase tudo hoje em dia. Conforme a sociedade foi mudando, essa geração vinha de uma época pós hippie e com uma visão no futuro. As produções cinematográficas desse perí­odo tinham elementos que misturavam cores fortes e vibrantes com a presença de aliení­genas, monstros, robôs e histórias sobre colégio e subúrbio.


Em homenagem a nostalgia, Stranger Things, a nova série original da Netflix criada pelos irmãos Duffer, revisita esses lugares, situações e personagens clichês de produções famosas, mas cria um novo sentido para tudo isso acontecer para o público de 2016. É possí­vel ver um apanhado de referências e inspirações em A Hora do Pesadelo de Wes Kraven, nos quadrinhos de X-Men, nos contos de Stephen King e até em Super 8 de J.J. Abrams e Sob a Pele de Jonathan Glazer.


A trama que mistura terror e ficção cientí­fica, se passa em 1983, na pacata cidade de Hawkings em Indiana e mostra uma turma de meninos nerds e esquisitos que obviamente são os excluídos da escola, imersos em um jogo de RPG. É criado um paralelo entre a ciência e a teoria do jogo aplicada a realidade dos meninos, como se eles tivessem se preparando para uma aventura real, que é o sonho de todo garoto nessa idade. Inclusive a série chama muita atenção para essa turminha que rouba a cena com carisma e não ficam devendo em talento para o elenco adulto.


O retorno de Winona Ryder (Edward Mãos de Tesoura e Garota Interrompida) depois de um tempo sem nenhuma atuação marcante, casa perfeitamente com toda a ideia da série. Afinal ela representa a esquisitice e o sucesso dos anos 80. Seu personagem, Joyce Byers, descobre que seu filho Will, um dos meninos da turma, desapareceu. A partir daí­ ela entra numa crise materna e psicológica para achá-lo, recebendo mensagens através da eletricidade de sua casa que guarda um portal para outra dimensão. A história também acrescenta um chefe de polí­cia heróico que ajuda Joyce por conta de um trauma do passado que é muito bem escondido, uma garota virginal de famí­lia perfeita, o popular da escola versus o cara socialmente alheio e todos esses núcleos que já são familiares da cultura norte-americana. Fora isso os responsáveis por toda a atividade sobrenatural que acontece na cidade é de responsabilidade de uma corporação que serve de fachada do governo e encoberta experimentos ilegais com pessoas.


O charme de Stranger Things começa na trilha de abertura, com um som eletrônico que cria o clima de mistério e sobrenaturalidade que além de ser graficamente uma homenagem, não deixa isso tomar conta completamente. Talvez esse seja o maior acerto da série, que é reunir elementos nostálgicos mas não pesar a mão nisso e conduzir a história num bom ritmo sem que esses elementos atrapalhem, até os mistérios não ultrapassam essa linha do absurdo, por mais que sejam. O trabalho do roteiro em explicar dimensões e poderes psí­quicos é natural e metafórico que facilita até para as crianças da série entenderem.


Com tantas coisas estranhas acontecendo, os relacionamentos e alianças vão se estabelecendo até a resolução do caso e a trama tenta não concluir de vez a premissa, o que parece preocupante porque é difícil imaginar como será a já anunciada segunda temporada após o final cheio de ganchos sem sentido. Ao todo a série de 8 episódios cria bons personagens e o tom certo para uma série que mesmo com alguns problemas de efeitos visuais, não tropeça no principal que é entreter.

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