O sucesso inesperado da primeira temporada de Stranger Things, provavelmente fez com que os irmãos Duffer, explorassem ainda mais o universo que eles imaginavam para a série e também suas possibilidades. Com uma das estreias mais aguardadas do catálogo de produções originais da Netflix nesse ano, a série até se adiantou para chegar mais rápido à plataforma e aos consumidores fiéis de cultura pop. Mais próximo do que nunca da nostalgia e das homenagens, Stranger Things pegou pesado na divulgação, com pôsteres criativos e ações digitais que conversam diretamente com o público a ser atingido. Estratégias, que muitas vezes não garantem o sucesso do produto mas, nesse caso, foi mais um tiro certeiro.
A história sinistra que se passa na pequena cidade de Hawkings, continua um ano após os eventos que levaram ao sumiço de Eleven (Millie Bobby Brown), ao retorno de Will (Noah Schnapp) e ao estresse pós traumático de toda essa turminha do barulho que apronta de montão. Todos os ganchos deixados pela temporada anterior, como o triângulo amoroso entre Nancy (Natalia Dyer), Johnathan (Charlie Heaton) e Steve (Joe Keery), são retomados de uma forma bem satisfatória e a trama tenta descomplicar ainda mais as partes muito técnicas e focam em mais diversão, utilizando toda e qualquer tipo de referência oitentista que possa contribuir para o visual e para a narrativa.
Sem deixar escapar nenhuma referência à Dungeons And Dragons, a evolução clássica da ameaça só aumenta, e quem ganhou destaque por conta disso foi Will, personagem pensado para se desenvolver aos poucos e com outro tipo de função que os demais amigos. O menino ainda entrega uma das melhores performances da temporada, nos levando para dentro de uma nova realidade. Isso tudo muito bem encaixado com a entrada de novos personagens, que desviam um pouco a atenção da trama fantasiosa, para desenvolver dramas familiares e criar conflitos dentro dos núcleos já estabelecidos. Uma saída fácil de roteiro, mas que funciona muito bem no fim das contas e é o que realmente se espera de um universo sinistro que junta estereótipos e clichês.
Os episódios são cheios de flashbacks que ajudam a entender o caminho da trama que caminha rápido para sua conclusão sem usar os 50 minutos em vão, que nem parecem tão longos. Eleven é quem ganha um arco a parte da trama central e descobre mais sobre sua criação. Mesmo com um orçamento mais gordo que o de estreia, a série se mantém fiel a sua proposta, e melhora, e muito, seus efeitos especiais e visuais, mas isso não sobe à cabeça da produção que continua priorizando firmar as relações e os personagens, inclusive firma ainda mais o destaque de Winona Ryder como a mãezona do grupo. Stranger Things se banha no sucesso repentino e aproveita para repetir seus bordões. Abre também mais espaço para um universo cheio de possibilidades que promove, mais do que nunca, diversão de qualidade. Agora que a tensão de estreia passou, nem parece que a pressão para uma próxima temporada surpreendente existiu. É uma maratona sombria, inteligente e colorida.