Supergirl surge na TV em um momento importante na nossa cultura popular. Principalmente dada as diversas discussões sobre o empoderamento feminino e a igualdade dos gêneros em Hollywood. Além disso, a DC sai na frente em mais uma empreitada, de trazer uma heroína como protagonista antes da Marvel, que ainda se mantém resistente em tentar um título feminino nas telas após alguns fracassos nos últimos anos em ambas as empresas. Mas não existe produto ruim se a história for boa e convincente, certo?
Aí então que entra a corajosa série sobre a filha de Krypton, Kara Zor-El (Melissa Benoist), a prima mais velha de Kal-El/Superman, que foi enviada a Terra para proteger o menino de aço, mas sua nave acaba sendo mandada para a zona fantasma, uma espécie de limbo, e só aterrissa no planeta, muitos anos depois, quando Kal-El já se tornou Superman. Sem precisar mais cumprir seu propósito na vinda para a Terra, Kara segue sua vida com uma família adotiva, os Danvers. Tudo que foi descrito até aí é o que acontece nos quadrinhos, mas algumas adaptações foram feitas para que a protagonista se encaixasse no universo contemporâneo. Kara, trabalha para uma magnata das mídias, Cat Grant (Calista Flockhart), fazendo uma dinâmica entre as duas aos moldes de O Diabo Veste Prada, que funciona muito bem, já que Kara ainda esconde seus poderes. E aí é que a história muda. Logo no começo ela sente a necessidade de evitar um desastre aéreo e salva o dia usando seus poderes, ainda muito crus, e a série não enrola nesse sentido, já trata logo de transformá-la na Supergirl com uniforme e tudo.
O que ela não sabia é que sua irmã adotiva, Alex Danvers (Chyler Leigh) é uma agente da DOE, uma divisão que investiga atividades alienígenas em National City. E após essa revelação, Supergirl começa a trabalhar junto com a irmã para combater outros seres que chegaram a Terra do mesmo jeito que ela. O único porém do roteiro é a insistência em mencionar o Superman, e como Kara se vê à sombra do herói. Poxa, mas não era essa a chance de termos uma heroína independente e segura de si? Pois é, por mais que ela tenha suas próprias aventuras, a produção erra em precisar dizer o nome do homem de aço aqui e ali, só para existir um fan service do que outra coisa. Mas o bom é ver alguns personagens em live action que nos trazem nostalgia tanto dos quadrinhos quanto das séries animadas da Liga da Justiça, que é o caso De J´onn J´onzz, O Caçador de Marte (David Harewood), um personagem que sempre foi muito querido.
Com uma primeira temporada agitada, a série ainda arrumou espaço para encaixar um crossover com o Flash (Grant Gustin) e aproveitar a popularidade dos dois personagens. Aí entram os pontos de exclamação. Foi uma surpresa e tanto, personagens de canais de TV diferentes se encontrarem em um universo paralelo também. Isso é muito DC Comics. Essa liberdade criativa que não se apega muito a outras obras, mas mesmo assim elas podem conversar. Para quem não sabe, o universo de Flash e de toda a mitologia do selo de quadrinhos trabalha com diversas realidades e Terras diferentes, onde existem diferentes versões de cada personagem, mas isso a gente deixa para explicar melhor quando sair a crítica da série do Flash.
O universo da Supergirl está muito bem desenvolvido e resolvido na TV com um clima divertido e alto astral, que é muito positivo de se ver. A produção consegue utilizar uma vasta cartela de vilões já no início e também conta com efeitos especiais muito próximos de uma produção de cinema, com cenas de ação que impressionam, além de mostrar todos os poderes da kryptoniana sem dó. Fora isso, parte do encanto fica a cargo da protagonista Melissa Benoist, que carrega um carisma genuíno que conquista a audiência de primeira, sem ser a mocinha chata, mas aquela garota que todo mundo teria o privilégio de conhecer.