The Ranch – Parte 1

Onde assistir
A nova série da Netflix, gasta a comédia em família de um modo desinteressante.

A geração de jovens adultos que tem entre seus 25 e 30 anos, vive uma realidade de cobranças e frustrações muito forte. Esse mesmo grupo de pessoas, que são acusados de serem distraí­dos demais no trabalho, egoí­stas, ansiosos e superficiais, é o tipo de público que se resume naqueles memes das redes sociais sobre se preparar para o final de semana, com o Netflix ligado e alguma comida rápida na mão. Pois é, esse sentimento supera as saí­das para baladas e poucas horas de sono. Todo esse deslumbre tem sido pago hoje. Mas fora essas experiências pessoais, o serviço de streaming da Netflix pensou um pouco nesse público, mesmo que sem intenção, para a série The Ranch.


Criado por Jim Patterson e Don Reo, a série acompanha Colt Bennett (Ashton Kutcher), o filho de um fazendeiro que volta para casa depois de uma tentativa derrotada de ser um jogador de futebol americano amador. Alguma comparação com quando voltamos da faculdade ou quando aquele emprego não deu certo e não conseguimos nos manter e precisamos recorrer aos pais? Pois é, esses pontos da trama são altamente relacionáveis e o argumento não apresenta problema nenhum com a empatia do público. A moral do programa tenta levar a audiência para o lado dos valores da vida no campo que ensina sobre a construção de caráter e nos faz refletir sobre o nosso valor no mundo e sobre a dinâmica familiar em que nascemos. Afinal, aceitamos isso ou tentamos mudar?


Tudo deveria funcionar muito bem, se não fosse a primeira impressão. Logo que o primeiro episódio inicia, é de se imaginar uma narrativa dramática sobre essa família que procura se encaixar novamente e viver em harmonia mesmo com as desavenças, mas aí­ surgem as risadas de sitcom que soam como algo que foi colocado ali totalmente fora de contexto. A cena segue e novamente aparecem risadas ao fundo. Poxa, isso era pra ser uma comédia? Ingênuo eu pensar que não. Mas, tanto a fotografia quanto o argumento sugerem o contrário.


Certo, os episódios seguem e o personagem de Ashton Kutchen mostra praticamente todas as habilidades que já vimos do ator. É uma mistura do que ele já fez em That 70´s Show com a última temporada de Two And A Half Men. Só mais uma tentativa do ator esquecido se sentir sexy e relevante novamente, fazendo cenas em que ele arrasa corações das mocinhas da cidade, mas cá entre nós, essa fase já foi. O bom, é que a série conta com um time impecável de atores de suporte, incluindo Dannny Masterson, que vive o irmão de Kutcher e o pai da família vivido pelo incrí­vel Sam Elliott, dono de uma voz inconfundí­vel e que poderia usar seu talento para uma produção melhor, mas é de se entender o papel dele ali, já que precisamos acreditar nesse pai, e ele é de longe o melhor da série definitivamente. A série não cativa o quanto deveria, muito por conta dessa confusção de narrativa que, novamente, não sugere uma comédia, mas que tem lá seus fortes por contar uma história especí­fica de cotidiano como toda série de famí­lia.

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