Venom – Tempo de Carnificina

Onde assistir
O segundo filme do anti-herói da Sony Pictures, em parceria com a Marvel, é mais divertido que o anterior

Como achar o espaço em um mundo de heróis para um monstro com apetite por cérebros humanos? No caso de Venom, a resposta da Sony Pictures parece ser: Torne-o engraçado e deixe-o lutar contra monstros que são ainda mais homicidas do que ele. Assim, Venom – Tempo de Carnificina, de Andy Serkis (o Gollum, de O Senhor dos Anéis), o segundo longa-metragem de um personagem que poderia ter sido o novo Deadpool, faz seu personagem parecer pouco mais do que um enteado do Universo Marvel.

Escrito pelo protagonista Tom Hardy e pela roteirista Kelly Marcel, o filme desenvolve a química entre o alienígena do título e o humano que ele é forçado a habitar enquanto está na atmosfera terrestre. Mas o vínculo entre ambos é muitas vezes abafado por cenas gigantescas de caos gerado por computador que parece exatamente como os encontrados nos filmes dos heróis.

Eddie Brock é um repórter de São Francisco. Ele está basicamente onde o deixamos no último filme: sua carreira se recuperou, seu relacionamento com a ex-noiva Anne (Michelle Williams, de O Rei do Show) ainda está morto e seu corpo hospeda o alienígena simbiótico, Venom, que rosna para Eddie em uma voz que só ele pode ouvir, ou o transforma em um gigante escorregadio com tentáculos, presas e força sobre-humana. De qualquer forma, o monstro precisa se alimentar. Embora sua comida preferida seja cérebro, ele pode sobreviver com chocolate e galinhas vivas; grande parte da comédia do roteiro deriva das tentativas de Eddie de manter Venom na dieta.

Quando Brock tem a oportunidade de entrevistar o serial killer condenado Cletus Kasady (Woody Harrelson, de Truque de Mestre), tudo que Eddie pode fazer é impedir que Venom coma o ressentido Detetive Mulligan (Stephen Graham, de Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar), que acompanha sua visita. Mas Venom é quem é mordido: Kasady morde Eddie e, de alguma forma, um pouco daquele material alienígena simbiótico entra em sua corrente sanguínea. Mais tarde, quando o prisioneiro do corredor da morte está na câmara de execução, esse material se mistura com produtos químicos da injeção letal e isso transforma Kasady em Carnificina, uma besta vermelha que sai de San Quentin parecendo que um tornado a atingiu.

Esta transformação acontece enquanto Eddie e Venom têm outras coisas para se preocupar. Discutindo sobre a incompatibilidade de seus estilos de vida (para dizer o mínimo), os dois entram em uma briga física que deixa a casa de Eddie totalmente destruída. Venom abandona o corpo de Eddie, saltando noite adentro do corpo de um estranho desavisado para o próximo, enquanto Eddie faz o que se espera de um filme coproduzido pela Sony: ele compra uma substituta para sua TV quebrada na luta e deixa a caixa no meio de a sala para podermos ver que ele comprou uma TV Sony (e depois ele ainda recebe um visitante que elogia a TV nova).

Embora Venom tenha uma ou duas desventuras cômicas, Carnificina faz jus ao seu nome. Kasady usa seus novos poderes para se reunir com seu amor há muito perdido, um mutante que ele conheceu quando adolescente no reformatório: Frances Barrison (Naomie Harris, de 007 – Sem Tempo para Morrer), que será conhecida como Shriek quando algum dia cruzar com o Homem-Aranha, tem o poder para destruir coisas com gritos estridentes e foi trancada por anos em uma cela à prova de som do Instituto Ravencroft. Quando libertada, ela está tão pronta para quebrar as coisas quanto seu namorado.

A farra do casal termina na Grace Cathedral, onde pretendem se casar. Mas o matrimônio é apenas a desculpa para aquela trama de sempre (a donzela em perigo): Anne se torna a isca que leva Venom para uma grandiosa batalha com o Carnificina (Anne, se você sobreviver, exclua o número de Eddie do seu telefone e bloqueie-o nas redes sociais. Michelle Williams é talentosa demais para ficar presa a esse negócio de ajudante/refém).

Não há nada de errado com a grandiosa batalha, mas a melhor coisa que você pode dizer sobre a ação em Tempo de Carnificina é que ela não estende o filme além da marca de uma hora e meia. Isso sem contar os créditos e a inevitável cena pós-créditos, que traz Venon de volta às raízes. O filme anterior do Homem-Aranha com Venom (de 2007) é o pior dos lançamentos do herói na telona até agora. Tomara que as coisas melhorem – ou pelo menos corram de uma forma mais divertida – da próxima vez que se cruzarem (o que deve ser logo!)

Você também pode gostar...