Tensão é a palavra que parece acompanhar e definir qualquer filme dessa temática, e com Zé, não poderia ser diferente, mas o longa reserva algumas surpresas.
Zé (Caio Horowicz) é o líder do Movimento Estudantil Brasileiro que resiste à Ditadura brasileira (1964-73). Para manter sua família e a si mesmo em segurança, ele e sua esposa (Eduarda Fernandes) escolhem atuar de forma clandestina, trabalhando com a conscientização das minorias e classe trabalhadora, além de manter viva a resistência. Contudo, é com a chegada de um falso amigo que os verdadeiros perigos se aproximam.
Como todo filme que retrata histórias reais, ainda que em partes, é quase impossível desprender a atenção da tela. Por vezes não é a violência que impacta, mas como as pessoas levavam suas rotinas em meio a tanto caos e repressão. Coisas normais como fazer compras, levar o filho para a escola, trabalhar, são atividades que se tornavam (ainda mais) desafiadoras pelo simples motivo de se ter princípios contrários ao que era pregado pelo governo, e a luta nessas horas, era ainda mais necessária.
Pensando nisso, a discussão que o filme traz, infelizmente, nunca deixou de ser relevante: a defesa da liberdade, dos direitos individuais, das injustiças sociais, todas as pautas levantadas estão claramente vestidas com roupas novas nas conversas de hoje, mas são antigas e recorrentes, assim como seus participantes.
Falando da produção cinematográfica em si, ela se difere um pouco de outras da mesma temática pela forma como foi montada, sendo que o principal destaque são as cartas trocadas entre os personagens, mostradas em formato de depoimento, e momentos de flashback que acontecem na forma de narração junto com cenas dentro da cronologia normal do enredo, rendendo dinamismo para a trama ainda que com todo pesar do conteúdo compartilhado entre os personagens.
Esperamos que seja um grande sucesso entre os fãs do gênero, mas Zé, apesar de informal e popular, pode não agradar a maior parte do público.