Sensível e comovente, a trama é inspirada em uma história real.
Aqui vão algumas informações rápidas sobre o filme:
- O filme foi dirigido pela cineasta de origem basca Estibaliz Urresola Solarugen.
- A história é inspirada na adolescente trans Ekai Lersundi, que se matou em 2018.
- O filme mostra a difícil descoberta da transexualidade de uma criança de 8 anos.
- A trama trata de assuntos que podem ser chocantes para a grande parte do público, gerando reações preconceituosas.
- O público é levado a refletir sobre aceitação e respeito, enquanto reavalia suas próprias visões de mundo.
- Foi premiado em diversos festivais, incluindo o Festival de Berlim (2023).
QUAL A HISTÓRIA DE “20.000 ESPÉCIES DE ABELHAS”? CONFIRA AQUI A SINOPSE OFICIAL
Uma criança de oito anos luta com o fato de que as pessoas continuam se dirigindo a ela de maneiras confusas. Durante um verão no País Basco, entre as colmeias e as abelhas, ela explora sua feminilidade ao lado das mulheres de sua família, que ao mesmo tempo refletem sobre suas próprias vidas e desejos.
A HISTÓRIA REAL QUE INSPIROU 20.000 ABELHAS
Em 2018, uma adolescente basca, Ekai LersundI, se suicidou por não conseguir receber tratamento hormonal por se considerar uma mulher trans. Esse fato mexeu bastante com a diretora Estibaliz Urresola, que começou a se interessar sobre o tema. Foram anos de pesquisa até saírem os primeiros argumentos.
Ekai não sofria discriminação por sua família, e nem pelas pessoas a sua volta. O que a matou foi não conseguir expressar a sua própria verdade. Questões relacionadas a identidade de gênero e sexualidade continuam reprimindo muitas pessoas, independente de suas origens. São temas complicados devido à nossa cultura religiosa, onde o pecado e o pós vida são guias para o medo e repressão.
Antes de tirar a própria vida, Ekai escreveu uma carta. Nela, diz que não gostaria que sua morte fosse em vão, mas que fosse o “grito” que ela nunca conseguiu emitir. Um grito sobre a sua verdade, sobre como ela se enxergava. Estibaliz garantiu que esse grito fosse ouvido. De certa forma, o seu filme 20.000 Espécies de Abelhas é uma homenagem a Ekai.
Independentemente de ser inspirado em Ekai, 20.000 Espécies de Abelhas retrata uma realidade que muitas crianças trans acabam vivendo. São muitas experiências reais sincronizadas em uma única personagem na tela. O filme é ficção, mas seu conteúdo sensibiliza de verdade.
A ESTÉTICA DA VERDADE
A forma como o filme foi produzido, dirigido e editado pode incomodar muitas pessoas acostumadas às mídias mais comerciais. 20.000 Espécies de Abelhas não tem aquela estética plastificada dos filmes americanos. Acredito que alguns podem chamar o longa de amador, por conta das suas escolhas estéticas. Mas está longe de ser isso!
A escolha pela realidade, como um chamado para sermos observadores e cumplices, provoca um efeito de desconforto. Esse filme não é para ser bonito. O filme é para entregar uma mensagem, que por mais que seja problemática, é necessária nos dias de hoje.
VALE A PENA VER?
Sim! E são por tantos motivos que fica difícil listar aqui. Alguns podem ser pessoais, outros técnicos ou por pura curiosidade. Pais que tem crianças trans podem se beneficiar com a história. Da mesma forma que pessoas trans podem ressignificar suas próprias experiências, utilizando o filme como um trampolim para as memórias. É muito raro filmes que tratam de transexualidade, ainda mais na infância. E de uma forma tão pura e bonita. Por favor, assistam!