A Lei da Noite

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"A Lei da Noite" tem muitas das qualidades dos outros filmes de Ben Affleck

Quarto filme de Ben Affleck na direção, A Lei da Noite possui diversas das qualidades dos demais filmes do cineasta/ator, mas esta saga sobre a máfia e a Lei Seca dos EUA não cativa tanto quanto seus longas anteriores, talvez pelo fato de Affleck interpretar um gângster que também é um bom sujeito e nunca toma um partido verdadeiro na escolha de qual lado o personagem está.

Nos dez anos em que Affleck tem se aventurado na direção, ele mostrou uma rara habilidade para escolher projetos artísticos e inteligentes, demonstrando um crescimento criativo e comercial a cada projeto. Medo da Verdade (2007), seu primeiro trabalho como diretor, estabeleceu o astro como um cineasta sério com um toque de humor peculiar. Com Atração Perigosa (2010), ele provou que poderia criar um suspense real enquanto nos fazia preocupar com personagens que nem conhecíamos muito bem. Argo (2012), é claro, foi o seu ápice como diretor, não apenas por ter levado o Oscar de melhor filme daquele ano.

Um excelente histórico e é por isso que a expectativa por A Lei da Noite estava lá no alto. Mas seu mais recente filme, um drama de gângster é apenas elegante e sangrento. Baseado em um romance de Dennis Lehane, de 2012, o filme é bem escrito e trabalhado, belamente fotografado, interpretado muito bem, com muitas viradas e foge até do óbvio. Então por que o filme não é perfeito? A falha do longa não é óbvia. É como ver o fantasma de um filme fantástico: todas as peças estão na mesa, mas elas parecem não se encaixar perfeitamente.

No filme, Joe Coughlin (Affleck), filho mais novo de um capitão de polícia (Brendan Gleeson), se envolve com o crime organizado depois de ter o seu cerne moral nocauteado após lutar na Primeira Guerra Mundial. Ele aproveita seus dias rodeado de dinheiro e poder, mas suas escolhas podem levá-lo à prisão ou até mesmo à morte.

Um gângster de cinema pode – e deve – ser uma figura moralmente complexa. Não é como se todos tivessem de ser Tony Montana – o personagem de Al Pacino em Scarface (1983). Mas assistindo A Lei da Noite, é difícil não ficar com a sensação de que Affleck foi atraído pelo material com uma questão pessoal de que a família, para ele, é mais importante do que todo o lado selvagem da criminalidade

Você pode criticar o desempenho de Affleck, mas ele é uma figura sempre impactante, principalmente quando dirigido por ele mesmo. Mas neste caso, em específico, ele parece um pouco travado e um cineasta diferente poderia tê-lo encorajado a ir a lugares sinistramente inesperados.

A história de Lehane, embora impulsionada por vingança e paixão, é um pouco “over”. Joe pode ser cruel quando precisa, mas ele nunca faz nada que realmente nos choque – diferente de filmes como O Poderoso Chefão (1972), Los Angeles – Cidade Proibida (1997) ou a série Os Sopranos (1999), fazem. A Lei da Noite está cheio de coisas boas e ótimas aqui e ali, mas as peças desse quebra-cabeças são tão meticulosamente montadas que o filme não parece ter espaço para a realidade que gostaria que a gente acreditasse.

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