Filme assustadoramente atual, “A Luz é para Todos” segue um jornalista (interpretado pelo grande Gregory Peck, que amo em “O Sol é para Todos”, que também fala de preconceito) que finge ser judeu para poder escrever uma história para uma revista que acabou de contratá-lo como escritor.
De cara ele acha que a ideia é boa, pois ele vai poder ter outro ponto de vista sobre o assunto, um que nenhum jornalista abordou ainda. Mas o que ele acaba sentindo é o preconceito na pele, e isso mudo tudo, tanto na vida dele quanto na qualidade do artigo que ele está escrevendo.
Aqui temos outro filme que aparece logo após a Segunda Guerra Mundial e está tratando de um tema que pra época estava super em voga (mas quando penso a respeito, quase 8 décadas depois, não mudou muita coisa). Inclusive, o filme foi feito mesmo sob potencial risco de ser barrado por tratar de temas judeus (oi?). E com uma personagem separada, que também poderia criar problemas para o filme. Gregory Peck foi aconselhado por seu agente a não aceitar o papel, que poderia manchar sua carreira. Socorro, gente!
A temática é super atual, mas o filme, confesso, não tem nada de extraordinário – nem as atuações. Se vale a pena ser conferido é pelo valor histórico, e olha lá. Ou por discursos como o da mãe do jornalista, que tem problemas cardíacos e fala ao filho que depois de ler o artigo que ele escreveu, denunciando o antissemitismo na sociedade americana da década de 1940, confessa desejar viver muito para ver como a sociedade vai ser no futuro. Se eu tivesse uma máquina do tempo, voltaria ao passado para contar a ela que nada mudou, infelizmente.
O filme me fez lembrar do incrível (e triste) documentário da Netflix, “Cabaré Eldorado: O Alvo dos Nazistas”, e os nazistas cheios de preconceitos com a comunidade queer. E penso como essa comunidade estaria forte e bem estabelecida hoje se não fossem os nazistas e seu preconceito idiota. E fico triste, pois parece que estamos andando em círculos ao invés de evoluir.