A Noite do Dia 12

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Com cara de filme policial, jeitão de drama e pitadas de suspense, "A noite do dia 12" é tudo isso e muito mais.

Com cara de filme policial, jeitão de drama e pitadas de suspense, “A noite do dia 12” é tudo isso e muito mais, menos um filme óbvio. Ao invés de acompanhar o dia a dia de policiais fodões, você vai acompanhar uma rotina cansativa, mas bastante monótona, pois as investigações parecem não sair do lugar. E o capitão de polícia, Yohan Vivès (Bastien Bouillon), andando com sua bicicleta em um circuito fechado, parece um hamster dando voltas sem sair do lugar, representa bem o que estes homens estão vivendo.

O filme começa com Vivès assumindo como capitão e logo em seguida sua equipe sendo convocada para um caso em um vilarejo da região, onde uma garota, Clara (Lula Cotton-Frapier), foi assassinada. E quanto mais eles cavocam o caso, mais eles ficam confusos e acham que todos são ou têm potencial para serem os culpados. Inclusive a garota morta, pois mulheres também podem ter sua parcela de culpa em suas próprias mortes, não é mesmo?

Inclusive, a melhor amiga da vítima, Stéphanie (Pauline Serieys), primeiro atesta que a amiga morreu porque era mulher. Depois, ela desabafa que não aguenta mais ficar prestando depoimentos sobre a vida íntima da amiga, que se apaixonava facilmente e estava sendo tratada como culpada por ter sido morta. E o filme nesse momento coloca em cheque os investigadores – será que eles têm capacidade, como homens, de analisar o caso da maneira apropriada? E uma chave vira quando uma mulher se junta à equipe de Vivès, fazendo-nos refletir quando fala que homens cometem crimes, e outros homens investigam esses crimes.

O filme é dirigido por Dominik Moll, que divide o roteiro com Gilles Marchand, baseado no livro de Pauline Guéna. O filme ganhou 6 prêmios César, que é o “Oscar francês”. O filme é sensível e levanta muitas reflexões sobre feminicídio, culpabilização da vítima, diferença entre gerações e aceitação do novo. Inclusive, as investigações ficam parecendo um show de horror, com homens de meia idade tentando entender, não sem julgar, os hábitos sexuais dos jovens com quem Clara tinha se relacionado.

Vale muito a pena conferir “A noite do dia 12”, um filme muito diferente de outros do mesmo gênero, com muito mais profundidade e personagens cheios de camadas para nos envolvermos. Dá raiva, dá pena, dá ódio, mas também levanta perguntas, nos faz pensar. E quem sabe nos ajuda a sermos seres humanos melhores, mais empáticos e menos julgadores, que respeitam as mulheres em sua totalidade, seja qual for a situação.

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