A Viúva Clicquot: A Mulher que Formou um Império é um filme biográfico que busca retratar a vida e as conquistas de Barbe-Nicole Ponsardin, uma mulher que revolucionou a indústria do champanhe. O longa com direção de Thomas Napper é baseado no livro A viúva Clicquot: A história de um império do champanhe e da mulher que o construiu, de Tilar J. Mazzeo.
A história gira em torno de Barbe-Nicole Ponsardin, uma viúva de 27 anos que depois da morte prematura do marido, desrespeita as convenções legais e assume os negócios de vinho que mantinham juntos. Sem apoio em meio ao caos das guerras do período napoleônico, passa a conduzir a empresa e a tomar decisões políticas e financeiras, desafiando os críticos da época e revolucionando a indústria de Champagne ao se tornar uma das primeiras empresárias do ramo no mundo.
Hoje, a marca Veuve Clicquot é uma das mais reconhecidas e premiadas do setor e sua ousadia já a sustenta por 250 anos de história. No entanto, o roteiro não consegue acompanhar a riqueza da história real. A narrativa, por vezes, se torna superficial e não aprofunda os desafios e as nuances da vida de Barbe-Nicole.
O filme tenta abarcar uma vida inteira em pouco tempo, o que resulta em um ritmo acelerado e em alguns momentos, superficial. A história poderia se beneficiar de um desenvolvimento mais devagar e detalhado de certos eventos.
Infelizmente, acredito que por motivos de produção e financeiro, o longa acaba tendo uma duração curta e que não explora diversos outros assuntos potenciais da forma como mereciam, como o contexto político da época (Guerras Napoleônicas). Tentando tratar desses assuntos dentro de apenas 90 minutos, acaba ficando muitas pontas soltas, desenvolvimentos apressados e ideias que poderiam totalmente ser usadas para auxiliar na ideia estilística da obra mas ficam de fora.
A história é contada por meio de intercalações entre o momento “atual” da narrativa e flashbacks, da história de Barbe e François. Essas idas e vindas, por vezes, são feitas de forma a permitir uma melhor compreensão dos acontecimentos e decisões do presente da história. Porém, na maior parte das vezes, a escolha da montagem não contribui com essa compreensão e torna cansativos e despropositados tantos flashbacks. O enredo resumido também não permite um desenvolvimento mais aprofundado da história tão revolucionária dessa mulher icônica.
A vida de Barbe-Nicole é, sem dúvida, inspiradora e a atuação de Haley Bennett como Barbe-Nicole é bem feita, com a atriz transmitindo a força e a determinação da personagem. A fotografia e a direção de arte são muito boas, transportando o espectador para o universo do século XIX.
Em resumo, A Viúva Clicquot é um filme que apresenta uma história fascinante, mas que poderia ter sido explorada de forma mais profunda. A direção de arte e a atuação principal são pontos altos, mas o roteiro e o ritmo acelerado são os pontos fracos do filme. A Viúva Clicquot é competente, mas não consegue fazer jus à história real que o inspirou.